Policia

Pitote será julgado em agosto pela morte do fotógrafo Carvalho

FABICIANO – Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, será julgado em agosto deste ano pela morte do fotógrafo freelancer Walgney Assis Carvalho. A sessão de Júri Popular está marcada para as 8h30 do dia 19, no Fórum de Coronel Fabriciano.

O julgamento do caso ocorrerá exatamente dois meses depois do júri do caso “Rodrigo Neto” que acontece em Ipatinga no dia 19 do mês que vem, no qual Pitote também é acusado de envolvimento.
Pitote foi pronunciado em setembro do ano passado. A defesa bem que tentou protelar a ação ao entrar com recurso no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, mas a tentativa foi em vão e acabou voltando sem nenhuma alteração para a comarca de Fabriciano.

Pitote é apontado em inquéritos policiais como executor não só de Carvalho, como também do jornalista Rodrigo Neto de Faria, morto no dia 8 de março de 2013, no bairro Canaã em Ipatinga. Walgney foi executado no dia 14 abril daquele mesmo ano. Pitote se diz inocente tanto da morte de Carvalho como na de Rodrigo Neto.

TESE
O advogado de Alessandro, Rodrigo Márcio do Carmo Silva, conversou com o jornal DIÁRIO POPULAR na tarde de ontem e disse que pretende ir a júri apenas com uma tese: negativa de autoria de seu cliente. Segundo o defensor, Pitote e Carvalho eram amigos e viviam sempre na delegacia do Centro de Ipatinga; “Pitote” se passando por Policial Civil e Carvalho por perito. “Meu cliente tinha ódio mortal de bandido, assim como Carvalho”.

Rodrigo Márcio ainda apontou Sérgio Vieira, o “Serginho” , como sendo o executor das duas mortes. “Pitote não tinha porque matar Rodrigo e nem Carvalho. Mas Carvalho tinha. Ele disse para “Pitote” que tiraria Rodrigo Neto a bala do jornal e por isso contratou “Serginho” para matar Rodrigo”, disse o advogado referindo-se a possíveis desavenças entre os dois jornalistas à época em que Rodrigo e Walgney eram colegas de trabalho na Editoria de Polícia de um jornal local.

QUEIMA-DE-ARQUIVO
Para o advogado, Carvalho foi morto por queima-de-arquivo e, inclusive, chegou a avisar “Pitote” sobre os comentários que o fotógrafo estava falando. “Serginho disse para o Pitote que ninguém iria descobrir quem havia matado Rodrigo Neto”, acrescentou.

O defensor de Pitote ainda questionou a existência de um grupo extermínio que foi bastante mencionado em inúmeras reportagens de Rodrigo Neto. “Pitote” foi apontado nas acusações como integrante deste suposto bando. “Existe, sim, um grupo de extermínio na região, porém, entre gangues rivais. “Pitote” nunca fez parte de nenhuma gangue”, finalizou o advogado.

RELAÇÃO

Os dois casos foram investigados por uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O delegado responsável pelo inquérito Emerson Crispim Morais apontou provas técnicas que levam a crer que Pitote é o assassino de Carvalho. O fotógrafo teria sido morto como queima-de-arquivo da morte do jornalista. Segundo Emerson, as características da motocicleta usada pelo executor de Carvalho são as mesmas da moto emprestada por um amigo a Pitote, dias antes da morte do fotógrafo.

ACUSAÇÃO
O Ministério Público apontou uma série de provas que incriminam Pitote, entre elas: os laudos de vistoria no local do homicídio, necropsia, o exame de balística, que atestou que a arma utilizada nos dois crimes foi a mesma, a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos e as provas orais produzidas na fase judicial.
Alessandro será julgado por homicídio duplamente qualificado: por recurso que dificultou a defesa da vítima, e a finalidade em assegurar a impunidade de outro crime (queima-de-arquivo).

PRONÚNCIA

Na justificativa da sentença de pronúncia o juiz Vitor Luís de Almeida, titular da Vara Criminal de Coronel Fabriciano, disse que “apesar das alegações defensivas, entendo que, ao menos nesta fase, havendo dúvida sobre as circunstâncias do crime, inclusive, no que diz respeito à autoria, não é o caso de se declarar a impronúncia ou mesmo a absolvição sumária do acusado”, diz um trecho da sentença. Em suma, o magistrado entendeu que o caso deve ser decidido pelo corpo de jurados.

Sobre as qualificadoras, o juiz também entendeu que cabe aos jurados fazer tal avaliação. “Penso que devem ser mantidas e submetidas ao Conselho Popular. As declarações de testemunhas, que no local e em exames periciais, mostram que a vítima foi surpreendida e que o delito pode ter sido praticado no intuito de assegurar eventual impunidade com relação ao homicídio anterior, que vitimou Rodrigo Neto Faria”, apontou outra parte da sentença de pronúncia.


Para polícia, as vítimas foram mortas pelos mesmos criminosos

Para a polícia e Ministério Público os assassinatos de Rodrigo e Carvalho estão intimamente ligados. “Pitote” e o ex-investigador da PC Lúcio Lírio Leal, este último condenado a 12 anos de prisão pela morte de Rodrigo, são acusados pela morte do jornalista e ainda por uma tentativa de homicídio contra um amigo do repórter que estava com ele no dia de sua morte.

De acordo com as investigações, “Pitote” na garupa de uma motocicleta, aproximou-se pelas costas do radialista e efetuou três tiros certeiros contra ele. O acusado teria tentado atirar contra o amigo de Rodrigo, que se escondeu atrás do carro e não foi atingido. Após os disparos, Pitote fugiu por uma rota de fuga que teria sido traçada por Lúcio Lírio.

No início das investigações sobre a morte de Rodrigo, Carvalho chegou a ser investigado como possível mandante ou até mesmo autor do crime. Isto porque, já no dia seguinte da morte do repórter policial, Carvalho teria feito alguns comentários dando detalhes da morte do jornalista. Além disso, o fotógrafo estaria descontente com a ida de Rodrigo para o jornal ao qual prestava serviços de freelancer, fazendo críticas contra o colega de profissão.

Em depoimento à polícia o fotógrafo negou qualquer envolvimento. A polícia fez buscas na casa dele e nada foi encontrado. Mesmo depois disso, Carvalho teria dito que “ninguém saberia quem matou Rodrigo Neto”.
No dia 14 de abril de 2013, Walgney é morto a tiros em um pesque-pague em Coronel Fabriciano e mais uma vez ‘Pitote’ aparece como sendo o suspeito do homicídio. A polícia ouviu quatro pessoas que disseram ter visto quando Alessandro trocou de motocicleta no dia da morte de Carvalho.

Ouvido pela polícia, o acusado apresentou um álibi falso. Ele disse que estava em Pingo D’água. No entanto, a antena de telefonia celular captou ligações e mensagens no aparelho de “Pitote” em Ipatinga. A prova que confirmou a teoria de que Alessandro seria o autor dos dois assassinatos culminou com o exame de balística. Na análise ficou provado que os projéteis recuperados dos corpos de Rodrigo e Carvalho saíram da mesma arma de fogo. O revólver nunca foi encontrado.

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