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Capitã cloroquina diz que não houve percepção da falta de oxigênio no AM

Acompanhe depoimento à CPI:

BRASÍLIA – “Bolsonaro não deu ordem para incentivar cloroquina”. A afirmação é da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro durante depoimento realizado hoje Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que apura a as responsabilidades do governo na pandemia. Mayra negou ainda ter recebido ordens do ex-chefe, Eduardo Pazuello (ex-ministro da Saúde), para defender o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada no tratamento do coronavírus. “Nunca recebi ordem e o uso desses medicamentos não é uma iniciativa minha pessoal”, disse.

FALTA DE PERCEPÇÃO

A servidora do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, a “capitã cloroquina”, declarou hoje à CPI da Covid que não houve percepção por parte do governo federal de que faltaria oxigênio nos hospitais em Manaus em meio ao colapso na rede pública de saúde, no começo do ano. O cenário foi agravado pelo avanço da covid-19 no país.

“Em Manaus, em uma situação extraordinária de caos, onde nós não temos noção de quantos pacientes vão chegar ao hospital, é impossível se fazer uma previsão de quando vai usar a mais. O que eles tiveram foi uma constatação, passaram de 30 mil metros cúbicos para 80 mil”.

CULPA DO VÍRUS

As declarações ocorreram em resposta a questionamentos do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, Renan Calheiros (MDB-AL). Indagada a respeito de eventual responsabilidade do Ministério da Saúde no agravamento da crise sanitária, Mayra respondeu a culpa não deve ser atribuída ao Executivo federal, e sim “ao vírus”. Nenhuma responsabilidade. A secretária também culpou a gestão municipal pelo caos observado em Manaus nos primeiros meses de 2021. Durante a oitiva, ela afirmou que pacientes que eram diagnosticados com covid-19 eram misturados com os que não tinham a doença em unidades da capital amazonense.

CLOROQUINA

Já em relação ao uso de cloroquina e hidroxicloroquina, Mayra afirmou que o Brasil não era obrigado a seguir as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). E, caso o tivesse feito, teria “falhado” em vários aspectos do enfrentamento à doença, de acordo com o seu entendimento. A servidora é defensora do uso de medicamentos que não têm eficácia científica comprovada no tratamento da covid-19. Já a OMS recomendou, em julho do ano passado, a interrupção do uso da cloroquina e hidroxicloroquina no combate aos sintomas provocados a partir da contaminação.

Na perspectiva da depoente, a OMS retirou as orientações com base em estudos de “qualidade metodológica questionável”. Ela alegou que as pesquisas observam os efeitos da cloroquina na fase “tardia da doença” e alega que já é sabido que “não há benefícios aos pacientes” nesta fase. “É preciso que a gente deixe, primeiramente, claro, que a OMS é um braço da ONU que trata das questões relativas à saúde. Embora o Brasil seja signatário dessa entidade, o Ministério da Saúde de todos os países são órgãos independentes e têm sua autonomia para tomada de decisões de acordo com as situações locais”, disse Mayra Pinheiro.

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