domingo, novembro 24, 2024
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As enganações eleitorais de Bolsonaro

Foto: Pesagem de criança de família beneficiária do Bolsa-família

Aumento do Bolsa-família, vale-gás, vale-caminhoneiro e outras “bondades” eleitoreiras do governo tem prazo de validade e abrem rombo que só vai deteriorar a economia

(*) Fernando Benedito Jr.

Se tinha um argumento que os bolsonaristas usavam de maneira incansável na campanha de 2018 para derrotar o PT era o do Bolsa-família. Diziam que o Bolsa-família era um tipo de escravidão, que colocava o cidadão à mercê das vontades de quem lhe concedia o benefício. Diziam que tinham que dar emprego, “ensinar a pescar”, não dar “esmola”, não dar o peixe. Diziam que se existia Bolsa-família era porque tinha pobre, tinha desemprego, e então tinha que acabar com o mal pela raíz (na verdade, a maioria preferia acabar com o pobre e não com a pobreza) criando empregos, desenvolvendo o País, etc. Por mais que se argumentasse que quem tem fome tem pressa, que a fome mata, que era preciso resolver primeiro a fome e depois o resto, que o Bolsa-família não era esmola e tinha um conjunto de contrapartidas e condicionantes que os beneficiários precisavam cumprir, nada adiantava. Para receber o Bolsa-família, as crianças precisavam ir à escola, tomar as vacinas, eram as mulheres que recebiam, este tipo de coisa. Era um combo social.

O atual governo não só manteve o Bolsa-familia, como criou um outro tanto de vales e vouchers, todos de viés meramente assistencialistas e com prazo de validade, sem qualquer relação com outros programas sociais ou sem estabelecer qualquer compromisso com o benefíciário, porque o governo também não tinha compromisso algum com os benefícios, que poderiam sumir (como sumiram) da mesma forma como apareceram. Em último caso, não fosse o fato de serem políticas muito ruins, poderia se dizer que aprenderam com o PT.

Agora, às vésperas das eleições, querem aumentar o valor do Bolsa-família, aumentar o vale-gás e criar o vale caminhoneiro. E os “benefícios” já vem com prazo de validade de, digamos, uns 4 meses. Terminada as eleições acabam. E, no caso das medidas atingirem o objetivo de reeleger o presidente, o brasileiro pobre vai viver mais 4 anos nesta situação que está aí ou, muito certamente, pior. Considerando a gastança de dinheiro público para tentar se reeleger, Bolsonaro vai abrir um rombo nas contas públicas que dificilmente seu governo conseguirá recuperar, não por falta de onde tirar, mas por falta de competência mesmo.

Então, desde já fica o alerta. É mais uma geringonça que não vai dar certo, porque já nasce como enganação.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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