terça-feira, novembro 5, 2024
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Como prejudicar a investigação

(*) Fernando Benedito Jr.

O cabra é muito cara-de-pau mesmo. E o pior é que faz os outros passarem vexame, no caso, até seus opositores mais ferrenhos. Logo que estourou o escândalo do MEC com a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro pela Polícia Federal, o sujeito veio a público dizer que a prisão pela PF demonstrava que ele não intervinha na PF. Um monte de gente acreditou. Eis que era só mais uma cortina de fumaça, um discurso invertido. Ele meteu o bedelho no trabalho da Polícia Federal, sim, avisou o alvo, tentando prejudicar as investigações e depois continuou interferindo para evitar a transferência do preso. Ou seja, Sérgio Moro estava certo.

Desde o vazamento daquela reunião ministerial em que o ministro do Meio Ambiente queria aproveitar para passar a boiada, o presidente da República já dizia que tinha que saber das coisas, que se não fosse avisado pela Polícia Federal, como se a Polícia Federal fosse dele, teria que ter sua própria central de inteligência. O que não podia era deixar que prejudicassem (a palavra, na verdade, era outra) seus filhos e amigos sem saber de nada. E foi assim: O chefão da Polícia Federal ligou e avisou:

– Ó, vão prender o ex-ministro da Educação.

– Não pode, porra! É meu amigo!

– Agora não tem mais jeito. A diligência já saiu.

– Iiiihh, fudeu! Vou avisar ele então.

– Isso, avisa lá.

E assim foi feito.

E deu no que deu.

No que não tinha mais jeito, pensou. “Vou fazer do limão uma limonada. Vou aproveitar a dica do Centrão e falar que não interfiro na PF e fica tudo certo”.

Aí, vieram os áudios (de novo, os áudios), essa danação da vida moderna e avacalharam tudo.

Depois que a interferência ficou evidente, dizem agora que não tem nada contra o ex-ministro-pastor, um santo homem. Foi tudo invenção do juiz, do STF, do PT, do Lula…

Uns 20% ficam por aí repetindo isso.

Igual a mulher que encomendou o bolo de aniversário, não comeu porque estava muito bonito e pediu o dinheiro de volta. Ela aprendeu com o governo.

Continuo com dúvidas sobre se este País vai dar certo, mas tenho certeza que não é para amadores.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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