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Pazuello blinda Bolsonaro e diz que nunca recebeu ordens diretas

BRASÍLIA – O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello declarou hoje, em depoimento à CPI da Covid, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nunca deu ordens diretas em relação a temas específicos como o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus. Ele também afirmou que respondeu a todas as tratativas sobre a compra de vacinas da Pfizer, contradizendo outros depoimentos. Durante o depoimento, o ex-ministro blindou o presidente Jair Bolsonaro e negou diversas declarações públicas e fartamente veiculadas nas redes sociais negando a necessidade de distanciamento social, uso de máscaras, a de que “um manda e outro obedece” e a defesa de medicamentos sem eficácia comprovada. Segundo o ex-ministro, estas são declarações políticas do presidente para as redes sociais, mas nunca recebeu ordens diretas de Bolsonaro para defendê-las ou negá-las.

Pazuello defendeu ainda posturas pouco científicas ao dizer que as primeiras medidas de enfrentamento à pandemia foram feitas sem conhecimento de causa e de forma linear. Reiterou, quase defendendo a cloroquina ao dizer que era um anti-inflamatório e antiviral, no que foi rebatido por um dos senadores, médico, explicando que o medicamento é um antiprotozoário.

O militar comandou a pasta da Saúde durante a fase mais crítica da pandemia. No total, ele esteve à frente da pasta por dez meses (entre maio de 2020 e março de 2021). Hoje, ele presta esclarecimentos sobre eventuais erros do Executivo federal, por ação ou omissão, no enfrentamento à crise sanitária.

PONTO DE INTERESSE

O debate sobre o incentivo de Bolsonaro e outros componentes do governo ao uso da cloroquina é um dos pontos de maior interesse da CPI da Covid. O Ministério da Saúde, durante a gestão de Pazuello, chegou a criar uma plataforma digital com orientações para que o remédio fosse utilizado para tratar os sintomas de pacientes com a covid-19 em todo o país.

Pazuello declarou que, durante a pandemia, não conseguia encontrar Bolsonaro mais do que uma ou duas vezes por semana. Questionado sobre orientações passadas pelo chefe do Executivo ao Ministério da Saúde, o general disse que “as orientações foram fazer a coisa acontecer o mais rápido possível”.

HOMEM COMUM

‘Um homem comum’ Pazuello abriu o depoimento à CPI da Covid com declarações sobre a história de sua família e afirmou que ele “é um homem comum” diante dos senadores do colegiado. Senadores, inicio minhas considerações dizendo que quem está aqui sentado hoje é um homem comum; um filho que perdeu sua mãe muito cedo e que perdeu seu pai há pouco tempo”.

Questionado pelo relator sobre suas credenciais para assumir o ministério, Pazuello disse ter tido experiências nessa área durante a carreira militar e lembrou que outros ex-titulares do cargo —como o senador José Serra (PSDB-SP)— também não tinham formação em medicina.

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