sexta-feira, dezembro 13, 2024
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Na crise da semana, Moro ameaça deixar cargo

Presidente Jair Bolsonaro quer trocar diretor-geral da PF e inicia fritura do ex-superministro

(*) Fernando Benedito Jr.

(DA REDAÇÃO) – O ex-superministro Sérgio Moro entra na pauta da crise semanal do governo Bolsonaro e ameaça pedir demissão após a decisão do Palácio do Planalto de intervir no comando da Polícia Federal. Na semana passada, depois de uma longa fritura, foi demitido o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, substituído pelo médico e empresário Nelson Teich. Novamente constrangido pelo chefe, Moro ameaça deixar o cargo se Jair Bolsonaro decidir trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A PF está à frente de várias investigações que envolvem o presidente, sua família e aliados.

Bolsonaro e Moro tiveram uma reunião mais cedo no Palácio do Planalto em que o assunto foi tratado.

O titular da Justiça —conhecido nacionalmente por seu trabalho como juiz da operação Lava Jato— ainda não pediu demissão do cargo, segundo a assessoria de imprensa do ministério.

Valeixo foi uma escolha pessoal de Moro para comandar a PF desde o início do governo, em janeiro do ano passado.

Bolsonaro, no entanto, repetidas vezes demonstrou interesse de trocar a chefia da PF.

CONSTRANGIMENTO

O ex-juiz Sérgio Moro, que assumiu ao Ministério da Justiça e Segurança Pública com a promessa de carta branca para gerir a Pasta e de ser indicado para assumir a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), foi alvo de vários ataques do presidente e integrantes da família Bolsonaro, como do deputado Eduardo Bolsonaro que questionou seu silêncio e falta de solidariedade em defesa do governo em diversas situações.

A Polícia Federal investiga casos que relacionam a família presidencial com a morte da vereadora Marielle Franco, do miliciano Adriano da Nóbrega morto na Bahia, do laranjal do PSL e do Caso Queiroz sobre a rachadinha de Flávio Bolsonaro na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.

Em diversas situações Sérgio Moro foi confrontado pelo presidente Sérgio Moro. A mais constrangedora delas foi quando Bolsonaro retirou de sua Pasta o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apurou movimentações atípicas nas contas de Flávio Bolsonaro, transferindo o órgão ao Ministério da Economia.

Apegado ao cargo – e apesar da falta de solidariedade reclamada pela família de milicianos –

Moro engoliu tudo calado. E manteve seu silêncio em todas as vezes que o governo feriu a Constituição, como quando pede o fechamento do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional, defende golpe de Estado e violação de direitos humanos. O que é de se entranhar vindo de um ex-juiz e, principalmente, um paladino da justiça e do combate à corrupção.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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