domingo, novembro 24, 2024
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Exposição Tradição e Contemporaneidade é aberta com obras de Rodrigo Zeferino

Foto: Uma das fotografias que compõem a mostra Arredores do Aço, de Rodrigo Zeferino

IPATINGA – Na próxima segunda-feira (10), será aberta uma série de mostras artísticas selecionadas por meio do edital Exposição Tradição e Contemporaneidade que se concretizou por meio do Edital 01/2021 Modalidade Seleção de Propostas – OSC Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário junto à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.

Os eventos acontecerão na Estação Memória e no Museu do Ipaneminha. A exposição inaugural, Arredores do Aço, do premiado fotógrafo, Rodrigo Zeferino, acontecerá de 10 a 20 de janeiro, na Estação Memória.

Arredores do Aço, segundo seu autor, “documenta pela fotografia, de forma poética e com intenção artística, o status quo da vida local deslocando o olhar do eixo siderúrgico. As obras são um convite ao público a visitar a roça, ver o que acontece na Ilha do Rio Doce – que não é ilha do ponto de vista topográfico, mas que se tornou uma ilha sociológica entre Ipatinga e Caratinga. Vamos procurar origens no Pedra Branca, redescobrir o Ipaneminha”.

OLHOS LIVRES

Rodrigo Zeferino conta que a ideia é interpretar imageticamente, com olhos livres, o que se faz e como se vive nesses lugares desconhecidos por boa parte da população local. “Revelados esses modos de vida, eles podem desmitificar a visão que o mundo tem sobre o pólo industrial do Leste de Minas. Em foco, antes da pobreza, o simplório. Em tempo, fazemos isso enquanto a industrialização crescente e seus novos galpões de zinco empurram, sufocam e marginalizam. Mal necessário? É o que dizem”, reflete o artista, acrescentando em seguida que, “antes do aço, era o vale do índio, era – e ainda é – o vale da mata atlântica, das lagoas, do Rio Doce e do Piracicaba. É também, ainda, o vale das pessoas que vivem da terra”.

ARREDDORES DO AÇO

Segundo observa o fotógrafo, visto de fora, o Vale do Aço carrega o fardo pesado do seu próprio nome. “A região é a terra das indústrias, destino do minério, aglomerado de empresas, lugar do calor, da poluição, do trabalho. Tudo gira em torno da produtividade, e a importância brutal do produto costuma figurar acima da existência do homem”. Para Rodrigo Zeferino, essa visão “ofusca a paisagem natural, a riqueza histórica e os hábitos originais, valioso patrimônio imaterial desta região que corre o risco de desaparecer em pouco tempo”.

Doze fotografias impressas em pigmento mineral sobre papel de algodão vão compor a mostra Arredores do Aço, “que traz uma sequência de dípticos em tons de cinza, evidenciando a dicotomia ainda resistente na região do Vale do Aço, onde áreas com forte presença da indústria coexistem em relativa proximidade com zonas rurais, nas quais hábitos ancestrais e a vida em contato com a terra ainda são predominantes. Cada par de fotografias exibe, do lado esquerdo, uma cena bucólica e, do lado direito, traços da existência incômoda da indústria nas proximidades daquela mesma comunidade rural.”, explica Rodrigo Zeferino.

AQUI DE PERTO

A série “Aqui de perto você me vê melhor” também integra a mostra do fotógrafo. Quatro fotografias que compõem o ensaio, conforme define Rodrigo Zeferino, são narrativas contadas nas cicatrizes que só o menino do mato em sua peraltice desbravadora, em seu contato íntimo com a natureza, sabe colecionar; na pele do lavrador manchada pelo sol; nos adereços corporais típicos e cotidianos. Para que a atenção se concentre nos detalhes, descartam-se os olhos – essas janelas que evidenciam sentimentos e ganham a atenção de quem vê. Assim, a atenção volta-se para as minúcias fragmentadas no corpo dos fotografados. Aqui o objeto se posta também como sujeito, ao convocar o espectador para dentro de seu mundo, para a sua história”.

Rodrigo Zeferino é graduado em Comunicação e Artes, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Ele tem Especialização em Artes Plásticas e Contemporaneidade, pela Escola Guignard/UEMG.

MAIS EXPOSIÇÕES

Nos dias 17 a 27 de janeiro, Exposição Tradição e Contemporaneidade traz em sua programação, no Museu do Ipaneminha, a mostra com o artista Marcílio Amâncio da Mercês Caldeira. Proteção à Biodiversidade é o título do conjunto de suas pinturas que estarã em exibição. A timotense Ângela Maria Ferreira Ataíde apresentará na Estação Memória a Exposição Impressões, na categoria Pintura/Escultura, de 24 de janeiro a 3 de fevereiro. De 7 a 17 de fevereiro, na Estação Memória, Wenderson Godoi colocará em cena o Re-memorar – Coleção Acervo Cultural. Fernanda La Noce encerrará a série de mostras com o ensaio fotográfico Aves Invisíveis, na Estação Memória.

DESATO EM NÓS

No Museu do Ipaneminha, Desato em nós, da fotógrafa Tatiane Bispo, ficará em exibição de 31 de janeiro a 10 de fevereiro.  Em seguida, estará em cartaz a exposição Vênus, trazendo pinturas da fabricianense Mônica Silva Jacinto Gomes Valoide. De 28 de fevereiro a 11 de março, Dani Dornelas, exibirá Memória em Chita – Parede Criativa, na categoria Fotografia.

“A Exposição Tradição e Contemporaneidade tem como propósito ocupar os espaços da região com manifestações artísticas e culturais que despertem na comunidade o sentimento de pertencimento, valorização e salvaguarda da memória do patrimônio cultural material e imaterial”, conforme explica a curadora da exposição, Rosane Dias, Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFMG e formada em Artes Plásticas e Contemporaneidade pela UEMG.

A Exposição Cultural Tradição e Contemporaneidade é um dos microprojetos apresentados pelo Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário – Congado do Ipaneminha. A produção leva a assinatura de Shirley Maclane e Marlene Brum; Rosane Dias  assina a curadoria, e Goretti  Nunes, a assessoria de comunicação.

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