Cultura

Drenado, “El País” encerra versão brasileira

A versão brasileira do site espanhol “El País” está encerrando suas atividades no País. Em nota, o jornal informa que o conteúdo continuará sendo oferecido na edição do “El País América”. A informação supreendeu o mercado editorial e leitores. Em menos de dois anos, três versões brasileiras de grandes veículos internacionais fecharam as portas: antes do El País, o BuzzFeed News e o Huffpost já haviam deixado o Brasil em 2020.

O editor-executivo do The Intercept, Leandro Demori, lamentou o fechamento da edição nacional do “El País”. Segundo ele, “notícias como essa têm gosto um pouco mais amargo para nós porque, além de colegas, estivemos juntos no front: El País e BuzzFeed News foram parceiros do Intercept na publicação da Vaza Jato. Além de triste, o cenário é grave: ele escancara a fragilidade da imprensa em um momento histórico crucial para a democracia”.

DRENO FINANCEIRO

Demori denuncia ainda a censura econômica a que são submetidos os veículos de comunicação, principalmente os que fazem oposição ao governo. “Ao menos nos casos do El País e do BuzzFeed News, as notas oficiais deixaram claro que o que tornou a operação impossível foi um velho conhecido das redações do século 21: o dreno financeiro das publicações. Desde que o jornal migrou das bancas para o digital e a ideia de assinatura de um veículo fechado envelheceu, as redações vivem uma batalha diária para repensar sua sustentabilidade financeira. Quando se trata de redações independentes, o problema é acrescido de outro: não é só que não temos anunciantes, nós não queremos esse apoio. O preço dele muitas vezes é derrubar reportagens que incomodam poderosos”, diz Demori.

VAZAJATO

Ele lembra que “El País Brasil passou a integrar a equipe de apuração dos dados da Vaza Jato em agosto de 2019. A parceria rendeu reportagens excelentes. Uma delas, “Como os grandes bancos escaparam da Lava Jato”, assinada pelo próprio Demeori, pela editora Paula Bianchi, Marina Rossi, Regiane Oliveira e Daniel Haidar. “O texto mostrou como os procuradores da Lava Jato tiveram ciência, mas fizeram vista grossa para suspeitas de crimes graves cometidos pelo setor bancário — desde o eventual silêncio sobre movimentações ilícitas até o uso de informações privilegiadas do Banco Central que renderiam lucros aos bancos. E ajudou a desmascarar o mito de que a Lava Jato punia sem olhar a quem”, destacou o jornalista.

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