domingo, novembro 24, 2024
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Covid matou 4.500 profissionais de saúde no Brasil

Pesquisa internacional mostra que 80% das mortes no Brasil ocorreram entre mulheres e que a maior parte das vítimas se situou entre os salários mais baixos

RIO – Um levantamento internacional mostrou que o Brasil esteve entre os países em que houve mais mortes de profissionais de saúde por covid-19 ao longo da pandemia.

Aproximadamente 4.500 profissionais, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem morreram no país em decorrência da covid entre o março de 2020, quando a doença chegou ao país, e o fim de 2021.

Os dados são da pesquisa Por Detrás da Máscara (“Behind the Mask”, no original), realizado pelo estúdio de dados Lagom Data para a Public Services International (PSI), organização com sede em Genebra, Suíça. O Lagom informa ter cruzado várias fontes oficiais para chegar ao resultado.

A PSI realiza uma campanha documental que expõe a situação de quatro países durante momentos críticos da pandemia. O Brasil foi escolhido, segundo a entidade, devido a “abordagem negacionista do governo”. Os outros escolhidos são Zimbábue, Paquistão e Tunísia.

A campanha terá uma série de vídeos sobre a fase crítica da doença em cada um dos países. O vídeo sobre o Brasil traz o relato de uma enfermeira que atuou durante a fase mais aguda da pandemia em Manaus, uma das cidades brasileiras mais afetadas pela covid-19.

“Faltaram equipamentos de proteção, oxigênio, vacinas, medicamentos, sobraram mensagens falsas e desaforadas do governo sobre a covid-19, chocando o mundo”, comenta Rosa Pavanelli, secretária-geral da PSI. “E até hoje os profissionais da linha de frente seguem desvalorizados no Brasil.” A PSI faz parte da Comissão de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre Emprego em Saúde e Crescimento Econômico.

A pesquisa mostra que no Brasil as mortes de profissionais de saúde ocorreram de forma mais rápida do que na população em geral. Principalmente em meses nos quais faltaram equipamentos de proteção individual.

O levantamento indica também que o impacto da covid foi maior para profissionais de saúde com salários mais baixos e mais próximos à linha de frente. Ou seja, auxiliares e técnicos de enfermagem morreram proporcionalmente mais que enfermeiros. E enfermeiros, proporcionalmente, mais que médicos.

Os dados apontam que 70% dos mortos eram técnicos e auxiliares de enfermagem, 25% enfermeiros e 5% médicos. Em números absolutos isso representa 1.184 enfermeiros mortos o que, segundo a pesquisa, pode ter impactado diretamente o atendimento a 21.300 pacientes.

De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem, cada enfermeiro atende até 18 pacientes de Enfermagem e cada atendente, 9 doentes na média brasileira. Mas o levantamento aponta que, no auge da crise, em Manaus, cada enfermeiro atendeu em média 40 pacientes com o auxílio de dois atendentes.

O levantamento também aponta que cerca de 80% dos profissionais de saúde mortos por covid no Brasil são mulheres. O sexo feminino também representa aproximadamente 80% dos profissionais mais atingidos no Brasil: atendentes, auxiliares e enfermeiros.

Por cruzamento de dados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, o levantamento concluiu que até dois terços dos profissionais técnico morto por covid pode ter atuado sem contrato formal de trabalho.

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