Coronavírus torna cenário para o crescimento deste ano ainda mais desafiador
BRASÍLIA – O produto interno bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, fechou o ano passado com crescimento de 1,1% frente a 2018. O resultado foi alcançado após a variação do quarto trimestre de 2019, que teve alta de 0,5% na comparação com o período anterior. Na comparação com o mesmo trimestre de 2018 houve elevação de 1,7%, o décimo segundo resultado positivo consecutivo após 11 trimestres de queda. Os números foram divulgados hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em valores correntes, o PIB atingiu R$ 7,3 trilhões no ano. Do total, R$ 6,2 trilhões se referem ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 1,0 bilhão aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.
CONSISTÊNCIA
Embora o resultado seja considerado pífio, o Ministério da Economia avalia que a economia do País melhora de forma consistente.
Após o primeiro trimestre com crescimento baixo, devido aos seguidos choques negativos – tragédia de Brumadinho, crise na Argentina e intempéries climáticas -, o crescimento voltou a apresentar ritmo de recuperação consistente. A avaliação é da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), que apresentou crescimento de 1,14%, em 2019.
Ainda de acordo com a secretaria, “a composição do PIB indica uma melhora substancial, com aumento consistente do crescimento do PIB privado e do investimento privado, de forma que a economia passa a mostrar dinamismo independente do setor público”.
“Indicadores do mercado de trabalho e de crédito no setor privado mostram aquecimento com os melhores resultados desde 2013”, acrescentou a secretaria em nota.
INVESTIMENTOS
O crescimento dos investimentos chegou a 2,2% e o do consumo das famílias a 1,8%, enquanto o gasto do governo retraiu 0,4%. Em relação ao setor externo, houve queda nas exportações de 5% e aumento nas importações de 1,1%.
Sob a ótica da oferta, o crescimento em 2019 foi puxado pelo crescimento dos serviços de 1,3% e da agropecuária, também de 1,3%. A indústria cresceu 0,5% no ano.
“Embora a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) agregada em 2019 tenha ficado em patamar inferior ao ocorrido em 2018 [3,9%], há evidências de que o investimento privado no ano passado (com os dados acumulados em 12 meses até o terceiro trimestre de 2019) cresceu acima do valor realizado em 2018”, diz a nota da Secretaria de Política Econômica.
Segundo a secretaria, o investimento privado acumulado em 12 meses até o terceiro trimestre de 2019 apresentou expansão de 4,48%, enquanto o público caiu 5,18%.
AJUSTE FINAL
Para a secretaria, “a agenda de reformas consolidando o lado fiscal e combatendo a má alocação de recursos mostra ser a estratégia adequada, e sua continuidade é fundamental para a consolidação da retomada da economia”.
Na nota, a secretaria destaca a redução do número de funcionários públicos, estatutários federais ou os regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em mais de 31 mil em 2019. “Essa é a maior retração da força de trabalho do governo em mais de duas décadas”, diz a nota.
CENÁRIO EXTERNO
A Secretaria de Política Econômica destaca que o ano de 2019 foi marcado por choques adversos na economia. “A guerra comercial entre EUA e China reduziu o crescimento global em 2019, levando a uma menor demanda por bens de exportação brasileiros e um menor apetite por investimentos no país. Outro fator destacado na nota foi que “a contração econômica na Argentina, importante parceiro comercial do Brasil, foi relevante e se agravou durante o ano, impactando negativamente as exportações e produção industrial brasileira”.
CORONAVÍRUS
A secretaria ressaltou que “o início de 2020 está sendo marcado pelo surto do novo coronavírus, o Covid-19, na China e no mundo”.
“Nos últimos dias, a disseminação do vírus causou forte reação nos preços de ativos no mundo e aumento na aversão a risco. A epidemia tornou o cenário para o crescimento deste ano mais desafiador, ao reduzir as perspectivas de crescimento mundial e adicionar incertezas acerca da evolução dos termos de troca à frente [relação entre o valor das importações e o valor das exportações]”.
Ainda segundo a secretaria, “ainda não se sabe qual será a magnitude e a duração do surto, o que dificulta um cálculo preciso de seus impactos econômicos”.
“É importante destacar que os governos e os bancos centrais ao redor do mundo estão provendo estímulos fiscais e monetários para atenuar os impactos do coronavírus”, lembrou a secretaria.