segunda-feira, outubro 7, 2024
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Bateu o desespero

(*) Fernando Benedito Jr.

Se não é o desespero que bateu às portas do governo com o temor de perder as eleições, os anéis e, quiçá, os dedos, deu a louca no Palácio do Planalto. Compromisso com a tal “responsabilidade fiscal” é nenhum e com o “teto de gastos” menos ainda. A impressão que se tem pelos movimentos na tentiva de reverter a impopularidade causada pela inflação, carestia, desemprego, antipatia, pandemia, guerra, antipatia, desmatamento, violência e antipatia – é de que se faz política de terra arrasada para si e para o próximo presidente. Dane-se o Orçamento, o que importa é ganhar as eleições a qualquer custo. É a lógica perversa do poder pelo poder: numa disputa eleitoral o que importa é ganhar, não interessam os meios.

Sob o comando de Maquiavel e Carluxo, o Planalto quer fazer uma CPI da Petrobras, para culpar a companhia e os dirigentes indicados pelo próprio governo pela alta dos preços dos combustíveis, ainda que isso custe enormes prejuízos à Petrobras e ao Brasil.

Primeiro, abriu-se as comportas dos cofres públicos para o Centrão usar e abusar de emendas parlamentares, emendas secretas, emendas disso e daquilo. Distribuiu-se recursos para os prefeitos, para que fechassem as porteiras em favor de Bolsonaro nos municípios. Não deu muito certo.

Outra ideia genial foi a de pagar uma compensação aos estados em troca de zerarem a alíquota do ICMS sobre diesel e gás até o final do ano (depois disso, dane-se. Em tese, a eleição já estaria ganha). A proposta dependeria da adesão dos estados e demoraria a chegar na ponta. Foi descartada porque a situação requer ligeireza.

Então, estão pensando em decretar estado de calamidade em caráter urgente, com o objetivo de contornar as restrições da lei eleitoral para aumentar o valor do Auxílio Brasil em R$ 200 (o valor atual é de R$ 400) e tentar remediar a situação.

Chegaram até a pensar numa grana para os caminhoneiros, para ajudar nas despesas, mas os “heróis do Brasil” – que pararam tudo por Bolsonaro e contra Dilma quando o diesel estava a R$ 3,00 –, consideraram a ajuda uma esmola e a esmola foi impedida por restrições da lei eleitoral.

Enquanto os marqueteiros e a coordenação da campanha bolsonarista bate cabeça e amassa barro tentando sair do atoleiro, mais se afundam no pântano de areia movediça, com o barro já pela altura do nariz.

Aqui, esperando os próximos movimentos. Mas que é desesperador, isso é…

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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