quarta-feira, outubro 16, 2024
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Resumo da prosa: Com a palavra, Vossas Excelências

Refrega

O clima ficou tenso na sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) que debateu a confirmação da incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A certa altura dos acontecimentos os ministros Luis Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski se desentenderam sobre os efeitos da Operação Lava Jato para o Brasil.

– Vossa excelência acha que o problema, então, foi o enfrentamento da corrupção e não a corrupção? – indagou Barroso.

Diplomático, Lewandowsky retrucou: “Vossa excelência sempre quer trazer à baila aqui a questão da corrupção. Como se aqueles que estivessem contra o modus operandi da Lava Jato fossem favoráveis à corrupção. Mas o modus operandi da Lava Jato levou a conduções coercitivas, prisões preventivas alongadas, ameaças a familiares, prisão em segunda instância e uma série de outras atitudes absolutamente, ao meu ver, incompatíveis com o Estado democrático de Direito.”

O crime compensa

Em outro round, Lewandowski afirmou que as mensagens conseguidas por meio de hackers e divulgadas na imprensa devem ser consideradas. E Barroso mais uma vez não resistiu: “Mas [o uso das mensagens hackeadas] é produto de crime, ministro. Então, o crime compensa para vossa excelência?”

Ficou por isso mesmo.

Máfia russa

A tensão aumentou com a entrada do ministro Gilmar Mendes em cena. Em uma indireta a Barroso, afirmou que, quando foi vencido em um voto sobre o encaminhamento da suspeição do Moro, se “submeteu a isso”.

“Se os dois órgãos têm o mesmo nível hierárquico, um não pode atropelar o outro. Quem tem que decidir tem que ser um terceiro imparcial”, argumentou Barroso.

– Talvez isso exista no código do russo. Aqui, não – retrucou Gilmar.

Patriotada

Ainda no debate sobre a quem dizia respeito a decisão sobre a parcialidade de Sérgio Moro, se à 2ª turma, que já havia decidido pela suspeição, ou se ao pleno do STF, Barroso, que não gostou da “tirada” sobre o código russo, devolveu:

– Estou argumentando juridicamente, não precisa vir com grosserias. Existe no código do bom senso e no respeito aos outros. Se um colega acha uma coisa e outro acha outra, é um terceiro que tem de decidir. Se o relator afetou [o processo] ao pleno, é para o pleno. Vossa excelência sentou em cima da vista dois anos e se acha no direito de, depois, ditar regra para os outros – disparou contra Gilmar Mendes.

Mendes concluiu com uma sentença quase inaudível, em meio a gritaria:

– O moralismo é a pátria da imoralidade

E terminou assim.

Mudança de planos

O governo brasileiro decidiu que vai disponibilizar vacinas para todos os atletas olímpicos e paraolímpicos que vão para os Jogos de Tóquio, em julho deste ano. Quem vê assim nem acredita que Bolsonaro, entre uma quase flexão e outra, havia dito com firmeza que o coronavírus não contamina “quem tem histórico de atleta”.

Melhor assim.

Passa boi, passa boiada

E para não fazer feio em seu papel de mentiroso useiro e vezeiro, Bolsonaro oficializou nesta sexta-feira (22), um dia depois de prometer mais verba para fiscalização ambiental, um corte de recursos para a área relacionada a mudanças do clima, controle de incêndios florestais e fomento a projetos de conservação do meio ambiente.

“Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização”, disse o mandatário na Cúpula do Clima. No mesmo dia, no entanto – conforme a Folha de S. Paulo –, Bolsonaro sancionou o Orçamento de 2021 com alguns vetos. O incremento prometido por ele no encontro internacional não está na programação para o ano e, no ato de sanção, o presidente cortou quase R$ 240 milhões da pasta do Meio Ambiente.

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