Crítica ao sistema eleitoral é um aranzel no qual o governo se meteu e não consegue sair
(*) Fernando Benedito Jr.
Se não fosse pelo atraso que representa, pela perda de tempo, pelo investimento desnecessário de recursos públicos, pelo aspecto golpista da intenção, talvez fosse até o caso de implantar o tal do voto “impresso e auditável” para ficar livre de uma vez desta polêmica idiota estabelecida pelo capitão. Essa história começou como justificativa para uma eventual derrota eleitoral e agora tornou-se um capricho para evitar mais uma derrota política. Uma “questão de honra”, uma cortina de fumaça, mais um enrosco, um aranzel que o sujeito arrumou e do qual não consegue sair.
Instado a comprovar a existência de alguma fraude no sistema que o elegeu várias vezes, sem que nada dissesse contra o voto eletrônico, estranhamente o desatinado não o fez. Disse que ia fazê-lo com um “hacker do bem” para comprovar como Aécio Neves venceu as eleições de 2014 e foi “roubado” por Dilma Rousseff. Aí, o “hacker do bem” que certamente deve integrar o “gabinete do ódio” teve covid-19 e ainda não pode comparecer à solenidade de comprovação da fraude.
Os cidadãos e cidadãs do Brasil tem que ter em mente que a única fraude existente no sistema eleitoral chama-se Jair Bolsonaro. Ele, sim, eleito num processo totalmente fraudulento: lançou mão de fake news do início ao fim da campanha contra Fernando Haddad e Manuela D’Ávila, isso depois da deposição de Dilma e da prisão de seu principal opositor, Lula. Auxiliado pela mão indesejável de Sérgio Moro e pela comoção criada pela facada de Adélio em Juiz de Fora, até hoje utilizada politicamente em cenas de vitimismo. Foi guindado ao poder numa campanha marcada por discursos de ódio, homofobia, preconceito e mentiras, mentiras e mentiras, conforme se pode constatar fartamente nos dias atuais.
Seu governo é uma fraude. Criticou o Bolsa-família e o manteve, porque o programa é bom. Criticou o “Centrão” e hoje é seu aliado. Disse que era contra o sistema e entrou nele de cabeça. Disse que ia acabar com a corrupção e se lambuza nela desde os tempos das “rachadinhas” nos gabinetes parlamentares até às propinas e superfaturamentos do governo. Seu discurso pelo “armamento do povo” é uma falácia, que só interessa a pequenos grupos de fascistas. Sua voz é irritante e sua grosseria insuportável.
Em termos econômicos seu governo é isso que está aí. Uma fraude tão absurda onde 5 e -4 do PIB resultam em 9.
E por último e mais grave o genocídio de mais meio milhão de brasileiros e brasileiras em razão do negacionismo da ciência, do atraso e da desfaçatez com a vida das pessoas.
Fraude é isso. Mas também pode ser que Bolsonaro tenha fraudado as urnas em 2018, vai saber?
Ah, e desde que foi implantando não se viu um só cidadão e cidadã reclamar que seu voto foi roubado, fraudado, não computado ou algo que o valha.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.