sexta-feira, dezembro 6, 2024
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No Vale do Aço, Lula defende a volta da industrialização

Ex-presidente diz que BR-381 será “estrada da vida” e que Forças Armadas não tem que se meter em eleições, mas cumprir seu papel constitucional

(DA REDAÇÃO) – Durante a coletiva de imprensa na visita a Ipatinga nesta sexta-feira o ex-presidente Lula ressaltou as várias vezes que esteve na cidade ao longo de sua carreira política e sublinhou que era uma alegria voltar à cidade. “Volto num momento em que temos que garantir a democracia. Volto num momento em que temos consciência de que o Brasil tem que voltar a ser um país industrializado”, disse o ex-presidente lembrando que o PIB da indústria nacional já foi de 30% e hoje é de 11%. “Precisamos voltar a gerar empregos com mais qualidade, produtos com mais valor agregado e melhores salários”.

O ex-presidente reclamou do curto tempo de propaganda eleitoral, legalmente, 45 dias, mas disse que nesse período se construiu o clima da necessidade de reconstrução do País. “A nossa tarefa é reconstruir”, sentenciou. E aproveitou para pedir o voto em Kalil: “Se o Kalil cuidar do povo mineiro como cuidou do Atlético, será tudo de bom”, brincou, dizendo estar convencido de que irá ganhar a eleição, “seja no primeiro ou no segundo turno. Não importa”.

Um público atento ouviu e se emocionou com o discurso de Lula

PESQUISAS

Indagado sobre o que achava das pesquisas e das críticas que os bolsonaristas fazem a elas e também sobre as críticas ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas, Lula defendeu ambas. Em tom descontraído lembrou de quando foi candidato ao governo de São Paulo, na década de 80. “Eu tinha certeza que seria eleito. Quando cheguei em casa e abri o jornal, era o ‘Estado de S. Paulo’, tinha uma pesquisa dizendo que eu tinha 10%. Praguejei, esperneei, critiquei. Quando abriram as urnas eu tive exatamente os 10%. Então tive que ponderar e admitir”, contou. O ex-presidente disse ainda que existe uma profusão de pesquisas e que as pessoas têm que saber distinguir quais são as pesquisas mais sérias. São tantas que se for ficar olhando pesquisa nem faço comício”, descontraiu.

Mesmo debilitado e em cadeira de rodas o ex-prefeito Chico Ferramenta participou do evento

URNA E PIRARUCU

Sobre as críticas bolsonaristas ao sistema eleitoral e as urnas eletrônicas, Lula disse que este é um discurso que se antecipa ao resultado das eleições para justificar uma eventual derrota e promover atos de contestação do pleito, como ocorreu nos EUA com a invasão do Capitólio. Lula também defendeu as urnas eletrônicas como um grande modelo de votação e apuração do Brasil que é exemplo para o mundo. “Você vota de manhã e à noite já tem o resultado. Antes as urnas ficavam vários dias numa canoa navegando pelo Amazonas, pelo rio Negro. Quantos pirarucus não entravam nelas?”

O ex-presidente reconheceu que as urnas podem falhar, como tudo falha, principalmente equipamentos eletrônicos, mas ressaltou: “Nunca se teve uma denúncia comprovada ou se comprovou uma fraude em urna eletrônica”, defendeu.

FORÇAS ARMADAS

Lula também disse que cuidar de eleição não é papel das Forças Armadas. “As Forças Armadas têm que cumprir seu papel contitucional que é cuidar da soberania brasileira, das nossas fronteiras, do nosso subsolo, do nosso espaço aéreo e não ficar se preocupando com urna e eleição”.

KALIL

Em outro momento da entrevista coletiva, Lula foi indagado porque em suas visitas ao Estado não costuma fazer um confronto mais direto com o governador Romeu Zema. Descolando da polarização nacional, muitos eleitores estão votando em Lula e Zema, embora o governador tenha sido durante grande parte de seu governo um aliado do presidente Jair Bolsonaro e crítico ferrenho de Lula e do PT.

“Não posso chegar no Estado e criticar o governador. Seria injusto e indelicado da minha parte e uma falta de respeito com o povo de Minas. Não posso julgar o que não conheço. Mas conheço o Kalil e o que ele fez por BH lhe credencia a ser o governador de Minas. Por outro lado, a transferência de voto não é automática, é um processo de maturação do eleitorado”, justificou.

ESTRADA DA VIDA

Mais uma vez, Lula assumiu o compromisso de retomada das obras de duplicação da BR-381, uma das principais pautas de infraestrutura e economia do Vale do Aço. A obra, começada no governo Dilma, foi interrompida por causa da falência da empreiteira espanhola que venceu a licitação. Em seguida, veio o golpe que destituiu a ex-presidente e nunca mais se tocou no assunto. “Toda vez que venho aqui esse assunto é debatido. A duplicação de BH até Governador Valadares (não pode falar que é só até o Vale do Aço, senão Governador Valadares briga) é um compromisso nosso com o povo mineiro. Não queremos que esta rodovia continue sendo chamada de ‘Estrada da Morte’ e vamos transformá-la na ‘Estrada da Vida’, por onde as pessoas possam passear com suas famílias, escoar a produção sem risco de acidentes”, garantiu Lula.

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