quarta-feira, dezembro 11, 2024
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Nheengatu resgata antiga Língua Geral Amazônica

Filme teve estreia mundial e abriu Festival Doc Lisboa e foi exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
A língua Nheengatu, ou antiga Língua Geral Amazônica, é uma mistura do tupi, do português e de várias outras línguas indígenas. Uma das línguas mais faladas na região Norte do Brasil até meados do Séc. XIX, ela foi utilizada pelos portugueses, jesuítas e brasileiros como forma de aproximação e catequização dos índios, até Portugal perceber que para reconhecer o Brasil como seu e definir as suas fronteiras teria de o fazer também através da língua portuguesa, banindo assim o Nheengatu.O Nheengatu, no entanto, sobreviveu no norte da Amazônia, na região do Alto e do Médio Rio Negro. Ao longo do tempo, ela continuou sendo usada para catequização e ao mesmo tempo se tornou  a língua materna de muitas populações indígenas, que perderam a sua língua materna com a colonização.  É falada hoje em dia por parte da população das regiões de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, noroeste da Amazônia, fronteira com Brasil, Venezuela e Colombia. São Gabriel da Cachoeira, município onde 75% da população se declara indígena, é o único no Brasil que tem três línguas indígenas – Nheengatu, Tukano e Baniwa – reconhecidas como oficiais junto com o Português.NHEENGATU – O FILMEAo longo do Rio Negro, na Amazônia profunda, onde fica a região de São Gabriel da Cachoeira,  o diretor José Barahona e a equipe de filmagem partem numa viagem ao encontro das comunidades indígenas que falam Nheengatu. Tendo a língua como propósito, o filme retrata o encontro entre dois mundos: o da população da floresta com os “brancos”, como dizem os índios. História, religião, colonização, escravidão, negociação, política, cultura e invasão  são assuntos abordados ao longo do documentário, que lida com o desafio, por vezes conflituoso, de achar o equilíbrio entre a preservação da cultura e a realidade contemporânea.Fazendo ligação com esta língua misturada, Nheengatu, o filme também usa uma linguagem fílmica mista, onde câmeras diferentes e filmagens feitas com celular pelo índios e pelo diretor se aproximam para construir este encontro.
SINOPSE
Ao longo de uma viagem no alto Rio Negro, na Amazônia profunda, o diretor busca uma língua imposta aos índios pelos antigos colonizadores. Através desta língua misturada, o Nheengatu, e dividindo a filmagem com a população local, o filme se constrói no encontro de dois mundos.
PRÊMIOS
Melhor Documentário – XXVI Festival Caminhos do Cinema Português, Portugal, 2020
Melhor Filme – 17º CineAmazônia, Brazil, 2020
Melhor Diretor e Melhor Desenho de Som – 15º FestAruanda, Brazil, 2020
Prêmio Etnomatograph – 18º Millenium Docs Against Gravity Film Festival, Polônia, 2021

Outros festivais
XXVI Festival Caminhos do Cinema Português, Portugal, 2020
17º CineAmazônia, Brasil, 2020
15º Fest Aruanda, Brasil, 20204
6º Festival Inter. del Nuevo Cine Latinoamericano de la Habana, Cuba, 2020/2021
18º Millenium Docs Against Gravity Film Festival, Polônia, 2021
15º Festival du Film Brésilien de Montréal, Canadá, 2021

Ficha Técnica:
Roteiro e direção: JOSÉ BARAHONA
Produção: CAROLINA DIAS / REFINARIA FILMES
Co-produção: FERNANDO VENDRELL / DAVID & GOLIAS
País: Brasil/Portugal
Ano: 2020
Duração: 114min
Distribuição: Pandora Filmes

BIOGRAFIA DO DIRETOR
JOSÉ BARAHONAFormado em Cinema em Lisboa, completou seus estudos em Cuba e Nova York. Seus filmes transitam por um território híbrido em que ficção e documentário se misturam.  Dentre os mais recentes estão “Alma Clandestina” (doc., 2018) e “Estive em Lisboa e lembrei de você” (fic., 2015), apresentados em diversos festivais nacionais e internacionais, como Mostra de São Paulo, DocLisboa, IndieLisboa e Festival de Cinema de Punta del Este, entre outros. Um livro sobre seu filme “O manuscrito perdido” (doc., 2010) foi publicado, com prefácio de Nelson Pereira dos Santos. Está agora iniciando a preparação do longa de ficção “Náufragos”, escrito em conjnto com o escritor angolano José Eduardo Agualusa.

FILMOGRAFIA
Alma Clandestina, doc., 100min., 2018
Estive em Lisboa e lembrei de você, fic., 81min., 2015
Far from Home Movie, doc, 78min., 2012
O manuscrito perdido, doc. 81min., 2010
Milho, doc. 55min., 2008.
A Cura, ficção, 30min., 2007
Buenos Aires Hora Zero, doc., 69min, 2004
Pastoral, ficção, 27min., 2004
Quem é Ricardo?, ficção, 35min., 2004
Sophia de Mello Breyner Anderson, doc., 4min, 2001
Anos de Guerra – Guiné 1963-1974, doc., 57min., 2000
Vianna da Motta, Cenas Portuguesas, doc., 47min, 1999
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