domingo, outubro 6, 2024
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Na Argentina, Lula diz que só setores progressistas governam para o povo

“Nós merecemos recuperar no século 21 aquilo que nos foi tirado em todo o século 20”, afirmou o ex-presidente

“O melhor momento econômico, político e social da América do Sul foi exatamente quando os países eram governados por progressistas, preocupados com a situação das pessoas mais pobres. Foi um forte momento de inclusão social. Estou torcendo para que voltem logo.” A declaração é do ex-presidnete Lula em entrevista para a emissora de tevê IP Notícias, da Argentina, onde cumpre agenda até sábado (11), Lula disse que o povo sul-americano está redescobrindo que, mesmo com dificuldades, são os setores progressistas que governam com um compromisso maior com o povo trabalhador e os pobres. Lula destacou que o Brasil tem 19 milhões de pessoas passando fome, apesar das riquezas do país.

“A única coisa que explica isso é a incompetência de muitos governantes que não sabem governar para os pobres.” Para Lula, a América do Sul merece mais uma oportunidade para acabar com a pobreza na região. “O povo não pode nunca desanimar, é possível a gente recuperar a democracia, na medida em que o povo esteja participando ativamente das decisões”, disse o ex-presidente, que chegou ao país vizinho na quinta-feira (9).

Lula disse estar confiante na volta de setores progressistas ao Brasil e em todos os países vizinhos para que os governos deem atenção aos mais pobre e à classe trabalhadora. 

AMÉRICA LATINA UNIDA

Ele afirmou ainda que, se voltar ao poder, vai tentar reconstruir tudo que foi feito na América Latina, na América do Sul e no Mercosul durante seus mandatos como presidente do Brasil e tentar criar condições para os países pobres se irmanarem para fechar acordos econômicos que possam beneficiar o povo pobre da região.

“Nós merecemos recuperar no século 21 aquilo que nos foi tirado em todo o século 20”, afirmou. Ele lembrou que o fluxo de comércio entre Brasil e Argentina era de US$ 7 bilhões, quando ele entrou no governo, em 2003, e de US$ 39 bilhões, quando saiu, demonstrando o potencial econômico da parceria entre os dois países.

“Não consigo enxergar o Brasil crescendo sozinho. O Brasil tem que crescer, a Argentina tem que crescer, o Uruguai tem que crescer, o Paraguai tem que crescer, a Bolívia tem que crescer. Juntos, todos nós na América do Sul e na América Latina poderemos ser muito mais fortes.”

Lula disse que o presidente Alberto Fernández recebeu uma herança maldita da experiência de seu antecessor, Maurício Macri, e, assim como outros países, sofreu impactos provocados pela pandemia. “Ele (Alberto Fernández) vai ter que ter paciência, o povo argentino vai ter que ter paciência. É possível acreditar que a economia vai se recuperar, que os empregos vão voltar, os salários vão voltar e a população argentina vai ficar mais feliz.”

ARGENTINA E FMI

O ex-presidente defendeu que o FMI faça com a Argentina um acordo similar ao que fez com os países ricos por ocasião da crise econômica de 2008. “Espero que o FMI não faça pressão, mas um acordo que permita à Argentina continuar crescendo e se desenvolvendo, e que o povo tenha condições de recuperar sua dignidade. O FMI não pode asfixiar a Argentina.”

FIM DA DITADURA

O ex-presidente Lula participa na noite desta sexta-feira, em Buenos Aires, da celebração de 38 anos do fim da ditadura militar e da reconquista da democracia argentina, com o presidente Alberto Fernández e a vice-presidenta Cristina Kirchner, na Plaza de Mayo.

“Para mim é um orgulho imenso poder participar de um ato que comemora os 38 anos de democracia. Além de participar do ato, além de ter encontro com os sindicalistas, vou poder fazer um gesto de agradecimento ao presidente Alberto Fernández, que foi muito solidário quando eu estive em cárcere no Brasil. Ele me fez uma visita. Eu jamais vou esquecer. Então, eu devo muita gratidão à decisão do Alberto Fernández de me visitar quando eu estava preso”.

Antes do Ato na Plaza de Mayo, Lula receberá o Premio Azucena Villaflor, concedido pelo governo argentino por sua defesa dos direitos humanos e luta contra o lawfare.

No sábado, o ex-presidente terá encontro com dirigentes sindicais argentinos, CGT (Confederação Geral do Trabalho) e CTA (Central de Trabalhadores Argentinos), e participará de ato em homenagem a ele e ao movimento sindical.

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