quarta-feira, janeiro 22, 2025
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FSFX esclarece como população pode enfrentar a ameaça da leptospirose

IPATINGA – O período chuvoso em Minas Gerais trouxe não apenas devastação, mas também uma preocupação crescente com doenças infecciosas, entre elas, a leptospirose. Após as fortes chuvas que atingiram Ipatinga, a cidade tornou-se palco de uma tragédia que inclui inundações, deslizamentos de terra e até mortes por soterramento. No meio do caos, especialistas acendem um alerta: a leptospirose, uma doença bacteriana grave, pode ser uma ameaça silenciosa para os moradores expostos às águas contaminadas. 

BACTÉRIA

A leptospirose é causada pela bactéria Leptospira, transmitida principalmente pelo contato com água contaminada por urina de ratos infectados. Segundo o Ministério da Saúde, a doença pode se manifestar entre 1 e 30 dias após a exposição, com sintomas iniciais como febre alta, dor muscular intensa (especialmente nas panturrilhas), dor de cabeça, náuseas e vômitos. Em casos mais graves, a leptospirose pode evoluir para a síndrome de Weil, caracterizada por icterícia (condição que provoca uma coloração amarelada na pele, nos olhos e em outros tecidos do corpo), insuficiência renal e hemorragias, exigindo hospitalização imediata.

LAMA E ÁGUA CONTAMINADA 

Dr. Pedro Henrique Mendes, infectologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), explica que, após episódios de enchentes, a presença de lama e águas contaminadas cria um ambiente propício para a disseminação da bactéria. “O contato prolongado com essas águas expõe a população a diversos riscos, não só a leptospirose, mas também a hepatite A, doenças diarreicas e até o tétano. A vigilância dos sinais e sintomas é fundamental para evitar complicações graves”, enfatiza. 

Dr. Pedro Henrique Mendes, infectologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX)

AMBIENTE PROPÍCIO

A tragédia que se abateu sobre Ipatinga é um cenário típico para o surgimento de surtos de leptospirose. O rompimento das canalizações de água, comum em enchentes, aumenta o risco de contaminação. Por isso, os especialistas recomendam que o consumo de água seja restrito àquela que foi fervida, filtrada ou clorada. “A lama que invade as casas têm um alto poder infectante. Por isso, deve-se evitar o consumo de água diretamente das torneiras. O ideal é optar por água filtrada ou fervida, sempre que possível, para evitar contaminações. Além disso, a limpeza do ambiente deve ser feita com equipamentos de proteção, como botas e luvas, e a desinfecção deve incluir uma solução de hipoclorito de sódio, que é popularmente conhecida como água sanitária”, orienta Dr. Pedro. 

Ainda segundo o infectologista, a profilaxia com antibióticos pode ser indicada para grupos de alto risco, como socorristas, voluntários e moradores que permaneceram por longos períodos em contato com águas contaminadas. No entanto, ele alerta que essa medida deve ser acompanhada por orientação médica. 

CONTROLE DE VETORES

Além dos cuidados com a limpeza, a população deve reforçar medidas de controle contra roedores, principais vetores da leptospirose. Isso inclui o acondicionamento adequado do lixo, vedação de frestas, além da desinfecção de alimentos e utensílios que possam ter sido expostos à água da enchente. 

A tragédia em Ipatinga não é apenas um lembrete dos desafios climáticos, mas também um alerta sobre a necessidade de infraestrutura sanitária adequada e ações preventivas em saúde pública. “Expresso toda solidariedade às famílias que foram atingidas, mas faço um apelo: se cuidem, cuidem de seus familiares, não deixem as crianças brincarem na água e lama oriunda de enchentes, isso é muito perigoso. Sabemos que as enchentes são uma realidade que não podemos evitar completamente, mas os riscos à saúde podem ser mitigados com informações claras e ações rápidas. Por isso, em casos suspeitos, é essencial procurar atendimento médico o quanto antes, pois o tratamento precoce com antibióticos reduz drasticamente a letalidade da doença”, conclui Dr. Pedro.

SAÚDE PÚBLICA 

Enquanto Ipatinga tenta se reerguer dos danos causados pela força das águas, a vigilância sanitária e os cuidados com a saúde individual tornam-se pilares indispensáveis para evitar que a tragédia se estenda para os campos da saúde pública. Ficar atento aos sintomas e seguir as orientações dos especialistas pode salvar vidas em momentos tão críticos.

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