(*) Fernando Benedito Jr.
É de se supor que quando Bolsonaro for preso, deve permanecer na prisão por um bom tempo. Não são poucos do seu entorno que amargaram ou seguem na prisão por sua causa. O rastro não acaba. Todos por cometerem ilegalidades, seja em atividades contra o estado democrático de direito, em aventuras golpistas, ou em negócios escusos que faziam para agradar ao chefe e evitar que ele deixasse as próprias digitais na cena do crime. Um pouco por interesse outro tanto por puxa-saquismo mesmo. Desde as rachadinhas, quando ainda era deputado, uma atividade que ensinou aos filhos, à compra de imóveis com dinheiro vivo, gastos com cartão corporativo para fins eleitorais, pequenos e grandes negócios com bens públicos (próprios do patrimonialismo), formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro, são práticas corriqueiras na vida do ex-presidente. Ele gosta de dinheiro. Muito. E não importa como venha, seja de benefícios do Estado, joias presenteadas ou pix de camaradas.
Ele usava a presidência da República para ganhar dinheiro. Usava o cargo para acumular riquezas. Não consegue se desapegar com facilidade do dinheiro. Nem do poder. Mas deste último foi apeado contra sua vontade e mesmo com todas as artimanhas usadas para mantê-lo (blitz da PRF, por exemplo). Tinha razão em não querer sair, afinal, precisava de mais tempo para fazer das suas e esconder as pegadas, que não são poucas.
A cada operação semanal da Polícia Federal se descobre mais um “negocinho” do ex-presidente. Seu “entourage” era na verdade uma quadrilha. De generais a soldados, ajudantes-de-ordens, secretários, apoiadores (agora está explicada a proximidade com Nelson Piquet: em sua fazenda eram guardadas as “joias da coroa”, antes de serem vendidas), garimpeiros, filhos, etc. O que se tem são quadrilheiros e milicianos. Tudo gente da pior espécie, saqueadores e sicários. Este era o entorno do sujeito.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.
