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Em guerra com bolsonarismo, Olavo de Carvalho morre, aos 74 anos, nos EUA

O auto-intitulado filósofo, professor, jornalista e escritor Olavo de Carvalho morreu na noite dessa segunda-feira (24), aos 74 anos, nos Estados Unidos, onde vivia. A informação foi dada pela família nas redes sociais do escritor. Olavo morreu em guerra com o bolsonarismo, embora tenha sido considerado seu principal mentor e “guru”. Ideólogo da extrema direita, adepto do politicamente incorreto e sem papas na língua, Olavo disparou várias críticas a Bolsonaro e a seu governo antes de morrer. Sentia-se traído pelo presidente, que trocou a ala olavista do governo pelos generais, e porque abandonou os pontos de vista que o elegeram para se aliar ao Centrão.

NEGACIONISTA

Em seus perfis nas redes sociais, os administradores afirmaram que as aulas ministradas por Olavo de Carvalho estavam suspensas depois que ele se contaminou com o coronavírus no último dia 16. No final do ano, Olavo, que era cardiopata, esteve internado por duas vezes no Brasil. Ele também era um negacionista da pandemia e afirmava que ela não existia.

“Com grande pesar, a família do professor Olavo de Carvalho comunica sua morte na noite de 24 de janeiro, na região de Richmond, na Virgínia, onde se encontrava hospitalizado”.

Natural de Campinas, São Paulo, ele deixa a esposa, Roxane Andrade de Souza, oito filhos e 18 netos. Foi o segundo filho do advogado Luiz Gonzaga de Carvalho com Nicéa Pimentel de Carvalho.

A causa da morte não foi divulgada. Recentemente, Olavo esteve internado em hospital no Brasil com problemas cardíacos.

“FAROL”

No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a morte do escritor. “Nos deixa hoje um dos maiores pensadores da história do país, o filósofo e professor Olavo Luiz Pimentel de Carvalho. Olavo foi gigante na luta pela liberdade e farol para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos marcarão para sempre”, escreveu o presidente, que decretou luto oficial de um dia em todo o país “em sinal de pesar pela morte de Olavo de Carvalho”.

O decreto consta em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU), publicada nesta tarde. Durante o luto oficial, a bandeira nacional é hasteada a meio mastro em todas as repartições públicas do ente federado que a decretou (governos federal, estadual ou municipal). Além disso, coloca-se um laço de crepe na ponta da lança se ela estiver sendo conduzida em alguma cerimônia.

CURRÍCULO

No seu currículo, Olavo Luiz Pimentel de Carvalho apresenta-se como “filósofo, escritor, jornalista e conferencista”. Olavo de Carvalho diz, também em seu currículo, que desde jovem se interessava por “filosofia, psicologia e religiões comparadas”, mas que “não tendo encontrado, na época, cursos universitários de boa qualidade sobre os tópicos que eram de seu interesse, abdicou temporariamente dos estudos universitários formais e buscou professores particulares e conselheiros qualificados que o orientassem”. Ele não concluiu o curso de filosofia, iniciado no Conjunto de Pesquisa Filosófica da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.

ASTROLOGIA

Durante anos, foi um estudioso da astrologia. O interesse pelo tema ganhou força a partir de 1975, quando concentrou seus esforços no “estudo das Artes Liberais”, que tinha, segundo ele, “sete disciplinas básicas para a formação dos letrados na Europa Medieval: Lógica, Retórica e Gramática; Aritmética, Música, Geometria e Astrologia”.

A astrologia, por sinal, foi tema reincidente entre livros e publicações assinados por ele. Seu primeiro livro, Questões de Simbolismo Astrológico, foi publicado em 1983. O último, publicado em 2018, foi Os Histéricos no Poder. Cartas de Um Terráqueo ao Planeta Brasil.

IMPRENSA

Os primeiros trabalhos na imprensa foram na empresa Folha da Manhã, antes mesmo de completar 18 anos de idade. Trabalhou também no jornal A Gazeta; na revista Atualidades Médicas; no semanário Aqui, São Paulo; no Jornal da Semana, e no Jornal da Tarde. Foi colaborador de veículos como Folha de S.Paulo, Zero Hora, O Globo, Primeira Leitura e Bravo!

MEDALHAS

Carvalho recebeu, do Comando do Exército, em 1999, a Medalha do Pacificador. Em 2001, recebeu a Medalha Mérito Santos Dumont, conferida pelo Comando da Aeronáutica.

Indignado com os reveses impostos a seus aliados pelo governo Bolsonaro, Olavo reagiu ao ser indicado para novas condecorações:

– E o que Bolsonaro fez para me defender? Bosta nenhuma. Aí vem com condecoraçaozinha. Enfia a condecoração no cu. Porque eu fui seu amaigo, mas você nunca foi meu amigo. Quantos crimes contra Olavo você investigou, seu Bolsonaro? Nenhum. Você nem se interessou.

A Secretaria Especial da Cultura e a Secretaria Especial de Comunicação Social emitiram nota de pesar pela morte do escritor. “O governo do Brasil lamenta a perda do filósofo e professor Olavo de Carvalho e manifesta seu pesar e suas condolências a familiares, amigos e alunos”, diz a nota.

“Intransigente defensor da liberdade e escritor prolífico, o professor Olavo sempre defendeu que a liberdade deve ser vivida no íntimo da consciência individual e na inegociável honestidade do ser para consigo mesmo”, complementa o texto.

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