Cidades

Contra vacina chinesa, Bolsonaro insiste na politização e no genocídio

Bolsonaro desautoriza ministro, insiste na ideologização da vacina contra coronavírus e diz que não existe compra de vacina chinesa nem conversa com governo de São Paulo

(*) Fernando Benedito Jr.

Os problemas que o governo brasileiro cria com a China não são de hoje. Mas hoje continuam. O deputado Eduardo Bolsonaro criou uma crise diplomática ao sugerir que o vírus foi uma crise chinesa para destruir a economia mundial e assumir a supremacia comercial e o monopólio do antídoto. Lógico, foi seguido nas redes por suas milícias digitais e disseminadores de fake news que não conseguem ver um palmo diante do nariz, mas adoram uma teoria da conspiração e subiram tags, retuitaram,espalharam a idiotice. Os chineses rapidamente contra-atacaram atribuindo o problema de Eduardo Bolsonaro a um “vírus mental”, mas estava criado o problema. “Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, disse Eduardo naqueles dias, comparando países e situações que não tem nada a ver.

Depois de Eduardo, para bajular o filho do chefe, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, que Deus o tenha nos EUA, utilizou o personagem Cebolinha da turma da Mônica, que troca o R pelo L, para ironizar os chineses. Por este motivo responde à acusação de crime de racismo no STF. Conseguiu juntar a imbecilidade com um infantilismo doentio.

O próprio presidente Bolsonaro ao se calar sobre os ataques do filho e ministro demonstrou que concordava com o que diziam.

Pois bem. Eis que ontem o general ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, colocado no posto para fazer as diatribes que o presidente manda, como defender uso de cloroquina, destruir o SUS, que nem sabe o que é, obedecer e ficar calado, acabou falando. E foi direto ao assunto. Disse ontem que o governo iria comprar 46 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac, produzida no Butantã, mediante acordo da China com o governo Dória, principal adversário de Bolsonaro em São Paulo. Quem sabe das tensas relações diplomáticas entre Brasil e China estranhou. E quem sabe dos entreveros entre Bolsonaro e Dória estranhou mais ainda. Alguns até mesmo duvidaram.

Não sem razão, hoje pela manhã, em mais um dos ditos e desditos do governo, o presidente veio a público dizer que não tem nada disso e que se depender de vacina chinesa o povo vai continuar morrendo mesmo que seja a melhor vacina do mundo (interpretação nossa).

Na verdade, a mensagem picada do presidente é a seguinte: “NÃO SERÁ COMPRADA”, “Qualquer coisa publicada, sem comprovação, vira TRAIÇÃO”. Já a deputada porta-voz de Bolsonaro, Bia Kicis, divulgou para alegria dos ignorantes antivacina e negacionistas: “Alerto que não compraremos uma só dose de vacina da China, bem como o meu governo não mantém qualquer diálogo com João Dória na questão do Covid-19. PR Jair Bolsonaro”.

E que morram os brasileiros. Entalados de brioche e sufocados pelo coronavírus, enquanto a República da estupidez segue firme.

(*) Fernando Benedito é editor do Diário Popular.

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