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Com candidato do MAS na liderança, golpista boliviana desiste de eleição

Em discurso de três minutos pelas redes sociais, Jeanine Áñez conclama os bolivianos à unidade “para que Morales não ganhe” – Evo Morales não é candidato e está exilado na Argentina

(DO EL PAÍS) – A presidenta interina da Bolívia, Jeanine Áñez, retirou sua candidatura para as eleições presidenciais de 18 de outubro depois de aparecer apenas em quarto lugar numa pesquisa. O mesmo levantamento atribuiu a Luis Arce, candidato do Movimento ao Socialismo (MAS), partido do ex-presidente Evo Morales, as intenções de voto suficientes para vencer em primeiro turno.

A pesquisa Ciesmori dá a Arce 26,2% das intenções de voto. Mesa tem 17,1%, e Añez, 10,4%. Numa projeção de segundo turno, vitória de Mesa. Já a da Fundação Jubileo mostra Arce vencedor no primeiro turno, com 40,3% das intenções de voto, contra 26,2% de Mesa, 14,4% de Camacho e 10,6% de Añez. Para sair vencedor na Bolívia, o candidato deve obter 50% dos votos mais 1, ou 40% e dez pontos percentuais de diferença com relação ao segundo candidato.

RENÚNCIA

“Hoje abandono minha candidatura à presidência da Bolívia para cuidar da democracia. Não é um sacrifício, é uma honra, porque o faço perante o risco de que o voto democrático se divida entre vários candidatos, e que por consequência desta divisão o MAS acabe ganhando a eleição. Faço isso pela unidade dos que amamos a democracia. Faço isso para ajudar a vitória dos que não queremos a ditadura… Se não nos unirmos, Morales volta”, disse Áñez em um vídeo de pouco mais de três minutos que publicou nas redes sociais. Estava acompanhada do seu candidato a vice, o empresário Samuel Doria Medina, e de outros líderes da sua aliança.

Na última quarta-feira, uma consultoria eleitoral que goza de grande credibilidade entre os adversários de Morales —no ano passado, as autoridades eleitorais da época a proibiram de divulgar seus resultados pela televisão— informou que Arce tem 40% da preferência eleitoral, enquanto seu adversário mais próximo, o ex-presidente Carlos Mesa, contava com 26%. A lei boliviana estabelece a vitória em primeiro turno do candidato que obtiver pelo menos 40% dos votos, desde que com margem superior a 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado.

DETER O MAS

Este resultado indica que Arce é capaz de deter a mudança política extraeleitoral que está em andamento no país desde a derrocada de Morales, em novembro passado, e que conta com o respaldo das classes médias urbanas e as elites tradicionais do país. Este processo busca diminuir o peso do Estado, aumentar a participação da empresa privada, “retomar a república”, em substituição ao Estado Plurinacional criado no período anterior e, sobretudo, “deter o MAS”. Esse partido esquerdista é acusado de ter promovido fraudes na eleição anterior de 2019, que acabou sendo anulada, de liderar uma “ditadura” e de cometer violações aos direitos humanos. Na imprensa, o MAS é habitualmente apontado como o “inimigo público número um” e um “câncer” para a democracia boliviana.

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