Direita tentou barrar posse com manobras de última hora. Escolhido como primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez pede para adversários abandonarem “clima tóxico”
MADRID – O líder do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe) Pedro Sánchez foi eleito primeiro-ministro da Espanha. Sanchez recebeu 167 votos na votação em segundo turno desta terça-feira (7) contra 165 e 18 abstenções, configurando o resultado mais apertado da história do parlamento espanhol. A maioria simples obtida pelo socialista leva à formação do primeiro Executivo de coalizão no país desde a Segunda República (1931-1936).
Na primeira votação, Sánchez havia obtido 166 votos. Mas os três principais partidos de direita, o PP, o Vox e o Ciudadanos tinham esperança de repetir um feito ocorrido há mais de 16 anos. Em 10 de junho de 2003, os então deputados socialistas Eduardo Tamayo e María Teresa Sáez se ausentaram na votação da Câmara, possibilitando a vitória do candidato do PP Esperanza Aguirre e barrando a posse do candidato do Psoe, Rafael Simancas.
Mesmo diante do fracasso da tentativa, a direita já projeta uma postura hostil contra o governo da coalizão progressista formado por Psoe e Unidas Podemos, cujo líder, Pablo Iglesias, será o vice de Sanchez. O novo premiê pediu que os adversários abandonem o “clima tóxico”. “Não compensa vocês continuarem na birra indefinidamente, isso fere algo muito importante que se chama coexistência”, disse Sánchez.
“A direita espanhola não sabe perder. Eles acham que o poder lhes pertence pelo berço, pela tradição, pelo direito divino, e se dedicam a boicotar aqueles que o arrebatam, sempre duvidando de sua legitimidade. O país é deles e, quando o levam embora, choram e chutam (antes era pior: deram golpes militares)”, assinala o jornalista Javier Gallego sobre as tentativas de se evitar a posse do novo governo. “A direita tornou-se (mais) indistinguível (até) da extrema direita e eles usam suas armas mais rastejantes: insulto e mentira.”
PLANO DE GOVERNO
Entre outros pontos, o plano de governo da coalizão prevê uma reforma tributária com aumento de impostos para as camadas mais ricas e grandes empresas, elevação do salário mínimo e revogação dos principais pontos da reforma trabalhista promulgada em 2012. A proposta também contempla ações contra as mudanças climáticas e políticas para garantir a igualdade de gênero e combate à violência sexista.