Milhares de iranianos pedem vingança aós um ataque dos EUA matar o general Qasem Soleimani
KERMAN – Pelo menos 30 pessoas morreram, e dezenas ficaram feridas, em um tumulto registrado nesta terça-feira (07), em Kerman, ao sudeste do Irã, onde é celebrado o funeral do general Qassem Soleimani, acompanhado por milhares de iranianos – informaram fontes oficiais à televisão pública.
“Infelizmente e devido à extraordinária multidão que se concentrou, 30 pessoas morreram, e dezenas ficaram feridas”, segundo a emissora.
Os pedidos de calma se multiplicaram nesta segunda-feira em um contexto de enfrentamento verbal entre Washington e Teerã, onde uma maré humana enlutada exigiu vingança pela morte de Soleimani, assassinado pelos Estados Unidos com um drone em Bagdá.
PROVOCAÇÕES
Depois que o líder dos EUA, Donald Trump, ameaçou no sábado atacar 52 locais no Irã, o presidente iraniano, Hassan Rohani, emitiu um alerta na segunda-feira: “Nunca ameace a nação iraniana”.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ao fim de uma reunião extraordinária, pediu para Teerã evitar “mais violência e provocações”.
Os ministros das Relações Exteriores da UE devem realizar uma reunião sobre a crise, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu “o caminho da moderação”.
Já o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, disse que Teerã precisa “renunciar a represálias” contra Washington.
Em um fria e ensolarada manhã, uma maré humana invadiu as avenidas Enghelab (“Revolução”, em persa), Azadi (“Liberdade”) e seu entorno, com bandeiras vermelhas (a cor do sangue dos “mártires”), ou iranianas, mas também libanesas e iraquianas.
RESPOSTA
“Trump estúpido, um símbolo de estupidez e brinquedo nas mãos do sionismo (Israel), não acha que, com o martírio de meu pai, tudo acabou”, alertou Zeinab, filha de Qassem Soleimani, cujo discurso emocionou a multidão.
“Nossa resposta deve ser devastadora. Precisamos atacar todas as bases militares dos EUA na região (…), tudo o que estiver ao alcance de nossos mísseis”, disse um iraniano de 61 anos que se identificou como Afjami.
Teerã prometeu uma resposta “militar”, uma “vingança dura” que atingirá “o lugar certo na hora certa”.
Embora a comunidade internacional multiplique seus pedidos de “desescalada”, “prudência” e “moderação”, Trump reiterou no domingo que se o Irã “fizer alguma coisa, haverá grandes represálias”.