sexta-feira, outubro 4, 2024
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Caminhoneiros bolsonaristas param rodovias e podem complicar economia

(DA BBC NEWS) – Depois das manifestações antidemocráticas lideradas por Jair Bolsonaro (sem partido), caminhoneiros que apoiam o presidente passaram a bloquear ou se concentrar em rodovias federais em pelo menos 15 estados na madrugada desta quinta-feira: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins. O balanço, atualizado constantemente, vem sendo divulgado pela Polícia Rodoviária Federal e pelo Ministério da Infraestrutura.

GRUPOS DE WHATSAAP

As manifestações não são comandadas por tradicionais entidades e lideranças de caminhoneiros, que recentemente refutaram participar dos atos a favor do presidente Jair Bolsonaro.

A paralisação tem sido organizada em grupos de WhatsApp, e não tem ligação com entidades de classe dos trabalhadores.

Em vídeos nas redes sociais, caminhoneiros autônomos dizem apoiar pautas de Bolsonaro e creditam o aumento dos combustíveis aos governadores, além de fazer ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).

ECONOMIA

Ao longo do dia, porém, o presidente pediu a apoiadores em Brasília que os caminhoneiros não parassem, temendo consequências sociais e econômicas graves da interrupção no transporte. Em áudio enviado a manifestantes, ele afirmou que a ação prejudica a economia e a população inteira, especialmente os mais pobres, ao provocar desabastecimento e inflação. “Deixa com a gente em Brasília aqui e agora. Mas não é fácil negociar e conversar por aqui com autoridades. Não é fácil. Mas a gente vai fazer a nossa parte aqui e vamos buscar uma solução para isso.”

Em mensagem a caminhoneiros, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, afirmou que “há uma preocupação de todos com a resolução de problemas graves, mas a gente não pode tentar resolver um problema criando outro”.

MOVIMENTO POLÍTICO

Em uma das publicações nas redes, um caminhoneiro afirma que o Supremo “é uma milícia” e que o grupo não vai aceitar que o país “seja comandado por 11 ministros”.

Em outro, um caminhoneiro diz que caminhões com cargas não vão passar por estrada na Bahia. “Não está passando caminhão vazio, só passa ônibus, carro pequeno e carga perecível”, diz.

Segundo Wallace Landim, conhecido como Chorão e presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, a paralisação desta quarta não é voltada para pautas da categoria e tem caráter político-partidário a favor do presidente Bolsonaro.

APOIO DO AGRO

“Não estamos participando, porque entendemos que a paralisação é um movimento político. Não tem uma pauta voltada para a categoria. Nossa categoria é muito polarizada, tem gente de esquerda, direita, apartidária. Não tem como levantar um movimento desses com o nome dos caminhoneiros”, diz ele, que participou de mobilizações anteriores.

“Está muito claro que esse movimento de hoje tem o pessoal do agronegócio bem forte junto. Em Brasília, 90% dos caminhões eram de empresa ou de pessoas que trabalham para o agro”, diz.

Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) divulgou uma nota se dizendo “preocupada com os bloqueios” e manifestando “total repúdio às paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias do país, por influência de supostos líderes da categoria”.

“Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da confederação Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, diz a entidade.

PARALISAÇÃO PARCIAL

Segundo a PRF, nenhuma pista foi bloqueada totalmente. Mas vídeos nas redes sociais mostram grandes congestionamentos em estradas afetadas, como a BR-101, em Pernambuco, que foi paralisada na altura da cidade de Igarassu, região metropolitana do Recife.

Na cidade Luís Eduardo Guimarães, na Bahia, manifestantes também impedem a passagem de cargas ou caminhões vazios pela BR-242.

Em nota, o Ministério da Infraestrutura afirma que a “PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h desta quinta.”

TENTATIVA DE INVASÃO

Já em Brasília, a Esplanada dos Ministérios continuava ocupada na quarta-feira por caminhões e por um grupo de apoiadores de Bolsonaro.

Segundo o jornal O Globo, boa parte dos veículos tinha logotipo de empresas de transporte ou do agronegócio, como a produtora de soja e sementes Agrofava e a Formosa Logística, que também serve ao agronegócio.

Imagens divulgadas pelo portal Metrópoles mostram seguranças do ministério impedindo a invasão do prédio, utilizando uma grande grade, que precisou ser fechada às pressas.

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