Cidades

Auxílio Brasil ainda tem fila de mais de 1 milhão de famílias

SÃO PAULO – Com a inflação mais alta registrada em um mês de abril em 26 anos e mais de 12% nos últimos 12 meses, a renda do trabalhador brasileiro segue em processo de encolhimento. Enquanto isso, na base da pirâmide social, milhões de pessoas ainda aguardam na fila para receber o auxílio incipiente do governo, que terá um impacto reduzido na economia diante de tantos problemas.

FILA DE ESPERA

Apesar do governo federal ter afirmado que a fila para recebimento do Auxílio Brasil – programa criado para substituir o Bolsa Família mirando as eleições de outubro – teria sido zerada no início do ano, um estudo feito pela Confederação Nacional dos Municípios indicou que, em fevereiro, havia 1 milhão de famílias na fila de espera do benefício. Uma projeção do jornal O Estado de S. Paulo indicou que o número teria subido para pelo menos 1,3 milhão em março, sem previsão de queda.

A demanda reprimida, no entanto, pode ser ainda maior. Isso porque o cadastro para o programa é feito pelos municípios, muitos dos quais estão com estrutura defasada para dar conta do aumento do número de solicitações causado pela má situação econômica do país. Pelo fato de muitas famílias estarem em situação de extrema vulnerabilidade social, elas não conseguem nem mesmo agendar atendimento nos centros municipais.

PERDAS

Ainda há um outro entrave, que diz respeito a famílias que já estão habilitadas a receber o benefício, mas que ainda não tiveram a liberação no sistema por conta de revisões de condições de pobreza e extrema pobreza, por exemplo.

Além disso, o impacto dos R$ 89 bilhões disponibilizados pelo governo para o Auxílio Brasil, além da possibilidade de não haver a total execução do programa, tende a ser reduzido na economia, tanto por conta do atraso na concessão de tantos pedidos quanto da inflação, especialmente dos alimentos, que são os produtos mais comprados pelos beneficiados. A previsão era de que cerca de 18 milhões de famílias fossem contempladas até o fim deste ano.

EFEITO PERDIDO

Dessa forma, o programa dificilmente terá um efeito semelhante ao registrado pelo Auxílio Emergencial concedido durante o ano de 2020, com valores entre R$ 600 a R$ 1.200 mensais (totais atingidos graças à pressão popular e da oposição no Congresso Nacional, já que o governo previa pagar de R$ 200 a R$ 400), que foram pagos a cerca de 67 milhões de pessoas. O programa fez com que a retração econômica fosse bem abaixo do esperado.

DEIXADAS PARA TRÁS

É importante lembrar que, ao extinguir o Bolsa Família e criar o seu substituto inicialmente com 14,5 milhões de beneficiários, o governo federal deixou de atender cerca de 29 milhões de famílias, muitas delas em situação de extrema necessidade, que eram cadastradas no BF. Em outubro de 2021, cerca de 44 milhões de famílias recebiam recursos do programa criado pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O grande sucesso do Bolsa Família era que ele tinha um Cadastro Único, que os prefeitos participavam, ou seja, era uma coisa consolidada. O presidente poderia ter dado um aumento ao Bolsa Família e ter deixado. Mas o presidente, como todo e qualquer político medíocre, como todo e qualquer político pequeno, como todo e qualquer político que joga rasteiro, ele acha que ele pode enganar a população tentando inventar um programa para dizer que é seu no ano eleitoral”, disse Lula em uma entrevista recente.

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