Pesquisa aponta que quem realiza exercícios físicos moderados após os 60 pode reduzir risco de morte em 33%. Após os 70 anos, esse índice chega a 70%
IPATINGA – Com o avanço dos tratamentos médicos e tecnologias cada vez mais inovadores, a população do Brasil e do mundo está vivendo mais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa já representa 14,7% da população do Brasil, um aumento de 39,8% entre 2012 a 2021. Uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que o Brasil será o sexto país com o maior número de idosos no mundo até 2025.
A atividade física age de forma benéfica no organismo. Os exercícios liberam neurotransmissores, como a endorfina e a serotonina, substâncias do prazer, que motivam o cérebro a continuar fazendo atividade física, bem como diminuem a ansiedade, melhoram o humor, o sono e a saúde mental.
QUALIDADE DE VIDA
“A população brasileira está envelhecendo. Se as pessoas assumirem uma postura preventiva e buscarem praticar exercícios físicos, pode contribuir muito para um envelhecimento com mais qualidade de vida”, comenta Nicolas Drumond Carvalho, médico de família da operadora de planos de saúde – Usisaúde.
O aposentado Orlando Procópio dos Santos, 66 anos, é um exemplo de que nunca é tarde para se exercitar. Foi somente quando estava prestes a completar 60 anos que foi convencido pela sua médica a entrar para uma academia. “Eu nunca gostei, achava coisa de gente rica ou com muito tempo. Quando era mais novo, a única coisa que eu fazia era jogar esporadicamente um futebol com os amigos”, lembra.
Incentivado a se exercitar, Orlando passou a frequentar a academia três vezes por semana. “Tudo melhorou. Emagreci cerca de 20kg, melhorei a autoestima, passei a me socializar mais e já não tenho depressão. Isso sem falar nas dores na coluna que reduziram bastante”, comemora. Ele também relata outras vantagens da atividade física. “Estou com diabetes controlada, ganhei preparo físico e me sinto em forma. Todos os meus exames estão muito bons”, conclui.
BEM-ESTAR
Que a prática de atividade física previne doenças e está associada a um envelhecimento saudável é senso comum entre a população. No entanto, quem passou dos 60 anos, ainda enfrenta receios e tabus para se movimentar. Os principais questionamentos são: não estou velho para praticar atividades físicas? Posso fazer exercícios mesmo com essa idade? Não é arriscado? Posso me machucar?
Para o médico da família, a atividade física é indicada para qualquer idade e, principalmente, para os idosos. “No caso da terceira idade, é preciso ter um acompanhamento mais rigoroso, mas nada impede a prática de exercícios. Pelo contrário, quem se movimenta nessa fase evita uma série de doenças e pode ter uma vida mais saudável”, pontua Carvalho.
PREVENÇÃO
O importante é movimentar-se. A recomendação da OMS, a partir dos 65 anos, é que a atividade física seja realizada pelo menos três vezes por semana em uma intensidade que varie de acordo com as condições de saúde e de mobilidade de cada indivíduo. O ideal, segundo a organização, são 150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos de atividades intensas por semana.
Na terceira idade, o organismo sofre com danos causados pelo tempo, como o enfraquecimento dos músculos, redução da agilidade e flexibilidade, perda de equilíbrio e da resistência muscular. Quem pratica exercícios físicos regularmente consegue amenizar essas perdas e levar uma vida com mais saúde e bem-estar.
Estudo realizado por pesquisadores britânicos e publicado no British Journal of Sports Medicine demonstrou a importância da atividade física para idosos. Segundo o estudo, 30 minutos de atividades de baixa intensidade diária já são suficientes para reduzir o risco de morte em 17% das pessoas idosas. Em atividades moderadas ou intensas é de 33%. Depois dos 70 anos, a redução no risco de morte pode alcançar os 70%