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Amazônia e Ceará estão entre os estados mais violentos do País

A Amazônia tem 13 das 30 cidades mais violentas do país, indica levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que divulgou hoje os dados do Anuário com base nos casos registrados entre 2019 e 2021. O estudo elaborou um ranking usando como referência o índice de mortes a cada 100 mil habitantes. Neste ano, a novidade foi a inclusão de municípios pequenos, com um cálculo proporcional relacionando a quantidade de moradores e as mortes violentas intencionais, incluindo homicídio doloso, latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal seguida de morte e assassinatos em ações da polícia.

ANTES DE BRUNO E DOM

Segundo o Fórum, a presença de 13 cidades da Amazônia demonstra que o cenário de violência em áreas fronteiriças e perto de comunidades indígenas já fazia parte dessas regiões muito antes dos assassinatos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. O correspondente do jornal britânico The Guardian e o servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio) foram mortos a tiros no dia 5 de junho no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (AM), no Vale do Javari. “Os defensores do meio ambiente seguem em risco”, disse Alessandra Sampaio, viúva de Dom, em carta lida no velório do jornalista, cremado nesse domingo (26) no cemitério Parque da Colina, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.

RECORTE

O levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública considerou um recorte de três anos, entre 2019 e 2021, “para evitar distorções”, já que assassinatos registrados em apenas um ano seriam insuficientes para indicar o fenômeno em cidades de pequeno porte. Com três anos, dá para dizer que a violência está presente no território. E é a média dos últimos três anos, não algum episódio pontual. Nem países em guerra têm essa taxa. O fenômeno da violência está se interiorizando para municípios com menos de 100 mil habitantes. E a Amazônia é a síntese desse quadro de violência extrema no Brasil”.

OMISSÃO

Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Lima relaciona os crimes na Amazônia à omissão do Estado somada à presença de facções criminosas, que transportam armas e drogas para o país. Segundo ele, o crime organizado se aproveita da ausência das Forças Armadas em áreas fronteiriças ou em terras indígenas para controlar as ações ilegais no território. “O crime organizado tem exercido um papel de ‘síndico da Amazônia’, controlando a economia do crime. Isso envolve o garimpo, a pesca ilegal, o combustível clandestino e até a prostituição. É como a milícia no Rio, ocupando as brechas deixadas pelo Estado”, compara. O presidente do Fórum vê ainda um cenário de impunidade fortalecido pela precária estrutura das forças de Segurança nessas regiões.

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