sexta-feira, novembro 22, 2024
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Alexandre Silveira como líder de Bolsonaro

Ex-diretor do Dnit no governo do PT, futuro senador é convidado para ser o líder do governo; Silveira desconversa, mas não convence

(*) Fernando Benedito Jr.

O futuro senador da República, Alexandre Silveira (PSD), atual diretor jurídico do Senado Federal, corre o risco de se tornar o líder do governo Bolsonaro na Casa. Silveira vai assumir a vaga deixada pelo senador e ex-governador de Minas, Antonio Anastasia (PSD-MG), relator do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e defensor da tese de “pedalada fiscal” como principal motivo do golpe que a derrubou. Silveira que tem grande parte de sua base política fincada no enclave do Vale do Aço foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro na tradicional live das quintas-feiras a se tornar seu líder no Senado. Alexandre se esquivou justificando razões de momento: o fato de ainda não ser senador, mas foi pouco convicente ao não dizer o que faria se o fosse. “Recebi do presidente da República o convite para assumir a liderança do governo no Senado. Acredito que o convite se deu pela nossa capacidade de diálogo e disposição para discutir os projetos que interessam aos brasileiros, acima de qualquer ideologia ou questão partidária. Mas como não estou investido do cargo de senador da República, não posso considerar a avaliação da proposta no momento. Meu objetivo é, com responsabilidade e muito trabalho, cumprir um mandato que orgulhe os mineiros e as mineiras, independente de governos ou ideologias”, disse Alexandre Silveira, no Twitter.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, deve ter feito a indicação por sugestão do filho, também senador, Flávio Bolsonaro, pois sequer sabia direito o nome do indicado. “Estou combinando com o [ministro da Infraestrutura] Tarcísio [passar] 3, 4 dias montado num trem nessa ferrovia. Talvez março. A gente vai convidar aí a bancada mineira, tem que convidar todo mundo, convidar o novo líder do governo que vai assumir agora em fevereiro, o Alexandre Vieira. Silveira. Desculpa aí, Silveira”, disse Bolsonaro, durante a live semanal.

À CNN Brasil, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Bolsonaro, também confirmou que Silveira irá assumir a posição, informou o UOL.

Silveira é aliado do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), candidato à presidência da República que ainda pontua 0% nas pesquisas de intenção de voto. Ele tem uma dificil tarefa pela frente tanto se ficar ou se correr. Não será fácil se desfazer do “convite” do presidente da República, que também vai mal nas pesquisas – mas nem tanto quanto Pacheco – e pode até mesmo perder em 1º turno. Não só por isso, Bolsonaro é politicamente uma péssima escolha.

Ex-diretor do Dnit durante o primeiro governo de Lula, por indicação de José Alencar, então vice-presidente, Alexandre Silveira está numa saia justíssima. Declinar do convite será no mínimo uma desfeita em ano eleitoral, quando Bolsonaro precisa reunir todas as forças para não fazer feio nas urnas. Aceitar, significa colocar um pé no fascismo e outro num apoio capenga. Alexandre é notadamente de direita, mas até agora tem se mostrado respeitador do estado democrático de direito; assume posturas, digamos, mais republicanas que seus novos aliados. Se realmente não pretende assumir a liderança no Senado deveria ser mais categórico. Se soasse deselegante ou grosseiro, Bolsonaro nem iria perceber.

Certamente, tem mais água para tocar o moinho. Bolsonaro precisa de alguém de Minas como vice. Quem sabe Pacheco, atual chefe de Silveira, cuja candidatura não decola, não cumpra essa missão? E entrem todos no mesmo barco.

(*) Fernando Benedito Jr.

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