Policia

Defesa e acusação se preparam para o júri do acusado de matar jornalista

IPATINGA – O acusado de matar o jornalista investigativo Rodrigo Neto de Faria, de 38 anos, e de atirar contra L.H.O.O., testemunha do fato, em março de 2013, será julgado nesta quinta-feira (28) no Fórum de Ipatinga. Sentará no banco dos réus o ex-policial civil Lúcio Lírio Leal. O julgamento do outro suspeito de participar do crime Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, ainda será marcado.
A dupla será julgada separadamente porque houve desmembramento do processo.
Lúcio e “Pitote” são suspeitos de integrar um grupo de extermínio, o que ainda está sendo apurado pelo Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP). No grupo, “Pitote” é conhecido como “Peixe”, conforme as investigações preliminares. Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), Alessandro estava na garupa de uma moto pilotada por uma pessoa não identificada quando surpreendeu Rodrigo e disparou várias vezes, atingindo-o na cabeça, no tórax e nas costas.
Os acusados também tentaram acertar L.H.O.O., que estava com o repórter quando ele foi alvejado e conseguiu escapar sem se ferir. O itinerário de fuga teria sido traçado pelo investigador, que passou pelo local, minutos antes, viu o jornalista e o companheiro e avisou o comparsa de sua presença e posição.

DEFESA
O advogado de defesa de Lúcio, Fábio Silveira (de Governador Valadares) chegou em Ipatinga nesta segunda-feira (25). Acompanhado pelos advogados assistentes ele foi diretamente à 2ª Vara Criminal folhear novamente o processo. No dia do julgamento, a principal estratégia da defesa será tentar desconstruir as investigações do DHPP. Uma das alegações é provar onde Lúcio estava no dia do crime.
“De acordo com o processo na hora dos fatos Lúcio estava em casa, que fica a poucos metros do local do homicídio. Inclusive, há depoimentos neste sentido. No dia do julgamento isso será confirmado”, disse o advogado.

LIGAÇÕES
Segundo apurou o Comitê Rodrigo Neto, outra tentativa da defesa para provar a inocência do réu é apontar falhas nas provas colhidas pelo DHPP, como as ligações telefônicas feitas entre Lúcio e “Pitote” no dia do crime e do local do assassinato. “No dia fatídico, “Pitote” foi quem ligou três vezes para Lúcio, às 23h56, 00h10 e 00h11. Conforme mostra a Estação de Rádio Base, durante todas essas ligações, Lúcio estava no Centro de Ipatinga”, argumentou. O advogado disse ainda que o delegado errou ao dizer que Lúcio usou o telefone do local do crime. “Ele não disse que Lúcio usou o telefone na casa dele. A antena de cobertura do local dos fatos é a mesma que cobre a casa do meu cliente”, enfatizou.

CARRO
Outra prova que a defesa pretende rebater é o carro de Lúcio, uma picape branca, que aparece em imagens de circuito interno. O veículo teria passado no local dos fatos momentos antes do crime. O advogado de defesa vai dizer que Lúcio emprestou o carro para “Pitote” o que teria sido confirmado por ele.
“O outro acusado [Pitote] quando foi ouvido na frente do juiz, disse que naquele dia pegou o carro emprestado com Lúcio para se locomover para um local que não me interessa. Se foi o carro do meu cliente que passou ou não pelo local, tal fato não induz à participação dele no crime, uma vez demonstrado que ele não estava com seu veículo”, pontuou a defesa.
Por fim, o advogado vai tentar convencer os jurados de que a ligação de amizade entre Lúcio e Alessandro não é uma prova para incriminar seu cliente. “Pitote não só nutria amizade com ele, mas, também com toda delegacia, pois não saía de lá”, finalizou.


BOX


Acusação vê contradições em depoimentos

O julgamento de Lúcio Lírio Leal será representado pelo promotor de Justiça Francisco Ângelo Silva Assis que não tem dúvida quanto a participação dos acusados. O MP vai apontar que, a partir das provas técnicas, pode-se facilmente concluir pela participação de Lúcio e Pitote na morte de Rodrigo Neto.
“Consta no relatório analítico diversas ligações telefônicas entre os réus na data e no dia anterior ao crime. Inclusive, apurou-se que eles tinham rádios comunicadores que podem ter sido utilizados na prática de forma a prejudicar as investigações”, detalhou o promotor.
Francisco Ângelo ainda vai mostrar em sua acusação o posicionamento dos acusados enquanto eram trocadas as ligações telefônicas, o que acaba contradizendo os álibis apresentados.
Uma das peças mais importantes para a acusação é apontar que Lúcio era quem estava em seu carro minutos antes do assassinato. Nas filmagens, a picape branca aparece transitando às 00h18 na avenida Gerasa, cerca de 8 minutos antes de a motocicleta passar pelo local. “A caminhonete fez quase a mesma rota realizada pela motocicleta onde estava o acusado Alessandro Neves, após a prática do delito”, disse o promotor.

CONTRADIÇÕES

As contradições também serão objetos de argumentação por parte da acusação. O promotor de justiça vai mostrar que Lúcio e “Pitote” entraram em contradição sobre o suposto empréstimo do carro. “Enquanto Alessandro diz que pegou o carro emprestado para levar mudas de coco para Vargem Alegre na roça de seu pai, Lúcio alega que emprestou o carro para o amigo levar uns materiais de construção para uma obra dele em Revés do Belém. Eles próprios não se entendem”, considerou o promotor.
A outra contradição encontrada pela acusação está nos interrogatórios da namorada de Lúcio. Para a polícia a jovem disse que no dia do crime, Lúcio chegou em sua casa por volta de 22h e saiu às 00h30. Perante o juiz, a moça mudou a versão e disse que o namorado chegou em sua casa às 21h e saiu 2h da madrugada. “Ademais, consta no relatório de ligações um contato telefônico com duração de 31 segundos entre Lúcio e a namorada no horário de 00h32, o que põe em cheque as duas versões apresentadas pela namorada do ex-policial civil”, encerrou o promotor em suas alegações finais.


Julgamento de Lúcio
terá detector de metais


IPATINGA
– Algumas regras para o Júri Popular foram determinadas pelo juiz Antônio Augusto Calaes, na Portaria n° 81/2014 baixada na última sexta-feira (21). O documento faz algumas considerações levando em conta que o julgamento de Lúcio é de grande comoção popular, já que o réu está sendo acusado de participação na morte do jornalista Rodrigo Neto, assassinado no dia 8 de março, no bairro Canaã, em Ipatinga.
O texto diz que haverá um controle dos órgãos de imprensa que irão cobrir o julgamento já que caso é de grande repercussão nacional, sendo de interesse dos jornalistas acompanharem a sessão para noticiar os fatos. Porém, segundo o documento, o salão do júri da comarca de Ipatinga possui uma capacidade limitada para acomodar o público com segurança.
Além da imprensa também será controlada a entrada das pessoas no salão do júri. Segundo o texto as medidas preventivas são para garantir a segurança dos magistrados, servidores, funcionários e do público em geral.

DETERMINAÇÕES
Pela portaria fica determinado que os presentes no julgamento deverão estar devidamente credenciados e os mesmos devem ser identificados com documentos com foto. Os presentes deverão permanecer com o crachá padronizado, que será de uso obrigatório.
Somente não precisarão utilizar crachás, os membros que estiver a serviço do tribunal do júri, policiais militares e civis e agentes da Suapi, previamente designados para sessão. O acesso ao público para o salão do júri será pela avenida Cláudio Moura.
Todos que tiverem acesso ao salão do júri passarão por detector de metais e outros procedimentos de segurança que venham ser adotado pela Polícia Militar. A entrada será proibida quando todos os assentos estiverem preenchidos.
Ainda conforme a norma não será permitida qualquer tipo de manifestação, seja por meio de cartazes, palavras, fotografias, faixas, camisetas, uniformes ou fardamentos que façam referência às partes envolvidas no processo, sob pena de retirada do salão do júri. É vedada qualquer a utilização de porte de arma no salão, a não ser para aqueles funcionários que estiver a trabalho no dia do julgamento.
Fica proibida qualquer gravação de vídeo durante a sessão do tribunal, salvo se autorizado pelo júri, permitido somente aos jornalistas devidamente credenciados e identificados.

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