Vida & Saúde

Campanha de prevenção marca o dia de combate à doença renal

BRASÍLIA – Com atividades de prevenção, palestras e exames, foi comemorado ontem (14) o Dia Mundial do Rim. O lema da campanha deste ano é “Pare de Agredir Seu Rim”. A data foi lembrada pela cor amarelo ouro. Alguns monumentos e edifícios importantes do Brasil serão iluminados com esta cor.
Em entrevista à Agência Brasil o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Daniel Rinaldi dos Santos, disse que os objetivos da campanha são “chamar a atenção da população para a doença e despertar o interesse para que todos se protejam da doença renal”.

CAUSAS
Segundo o médico, as principais causas da doença renal crônica são a pressão alta e o diabetes. Ele alertou que, quando o paciente não procura tratamento, o rim perde suas funções. “O indivíduo com doença renal passa a sentir mal-estar geral, anemia, fraqueza, edema, pressão de difícil controle, até que chega uma fase em que ele não consegue sobreviver sem a diálise [procedimento usado para a purificação do sangue de pacientes renais]. Com a campanha, nós queremos evitar que o indivíduo chegue a essa fase”.

REGRAS DE OURO
Rinaldi disse que existem “oito regras de ouro” para preservar a saúde dos rins: “ beber muita água; tratar bem a pressão arterial; controlar o açúcar no sangue; fazer uma dieta adequada; perder peso, caso a pessoa esteja com sobrepeso; evitar o excesso de sal na dieta; fazer exercícios físicos regularmente; não fumar e não tomar remédios sem orientação médica.”

Para a sindicalista Luciana Cruz, de 38 anos, que já teve uma crise renal, a campanha ajuda quem precisa e orienta quem não tem conhecimento. “A campanha é boa. Vou seguir à risca a recomendação de procurar um médico, porque prevenir é a melhor condição para saber se está bem ou não”.


Pressão alta, diabetes e peso são sinais de alerta
Brasília
– Pessoas com pressão alta, diabetes e obesidade fazem parte dos chamados grupos de risco para problemas renais. Casos da doença na família, idade superior a 50 anos e uso de remédio sem orientação médica também ampliam as chances de o problema ser diagnosticado. O alerta foi feito pela Sociedade Brasileira de Nefrologia no Dia Mundial do Rim.

Dados do órgão indicam que cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de disfunção renal. Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da sociedade, Daniel Rinaldi, destacou que sem um diagnóstico preciso, a maioria dos pacientes morre sem sequer ter acesso à diálise (principal tratamento para a doença em estágio avançado).

“Nossa intenção é alertar esses grupos de risco para que possam perguntar ao médico como está a função dos seus rins. Temos dois exames extremamente simples e baratos para diagnosticar precocemente a doença renal – a creatinina no sangue e o exame de urina para detectar perda de sangue e albumina [um tipo de proteína]”, explicou.

Diagnóstico
Rinaldi lembrou que o diagnóstico precoce pode conter o avanço da doença renal crônica. Dessa forma, pacientes que sofrem de diabetes, por exemplo, não precisam se submeter à diálise, mas controlar a alimentação, enquanto pessoas com pressão alta devem reduzir a ingestão de sal e ingerir bastante líquido.

“Esses exames têm que fazer parte do check up. Todo mundo conhece seu colesterol e sua glicemia, mas quase ninguém sabe como está a sua creatinina”, disse. A estimativa da sociedade é que mais de 35 milhões de brasileiros sejam hipertensos e que 8 milhões sejam diabéticos.

Os números mostram ainda que em torno de 100 mil brasileiros fazem diálise no país atualmente. A taxa de internação hospitalar para esse tipo de serviço é 4,6% ao mês. Mais de 70% dos pacientes que iniciam o tratamento descobrem a doença quando os rins já estão gravemente comprometidos. A taxa de mortalidade entre eles aumentou 38% na última década.

Manifestantes pedem mais recursos para tratamento
Brasília – Um grupo de cerca de 100 pessoas, segundo levantamento da reportagem, protestou ontem (14) no Palácio do Planalto pedindo ampliação do financiamento público para tratamento de pacientes de doença crônica renal. Os manifestantes aproveitaram o Dia Mundial do Rim, comemorado ontem, para entregar um documento com 20 mil assinaturas apresentando os problemas do atendimento aos cerca de 90 mil pacientes de diálise em todo o país.

Prevalência
Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de disfunção renal. A taxa de prevalência é 50 casos para cada 100 mil habitantes.
Do total de doentes, cerca de 90 mil tem acesso à diálise, o principal tratamento para a doença em estágio avançado. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálises e Transplantes, Paulo Luconi, esse número deveria ser, pelo menos, 160 mil pacientes, mas como o acesso ao tratamento é difícil, grande parte dos doentes em estágio avançado morre. “O paciente que tem necessidade de diálise e não faz, morre. Quem não consegue vagas, acaba morrendo”.

Estagnação
Segundo Luconi, o número de pacientes que fazem diálise no Brasil está estagnado e não avança porque o repasse feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às instituições que oferecem o tratamento está abaixo do valor real do serviço.

“O principal tipo de diálise do Brasil é a hemodiálise. Para cada sessão, o SUS paga R$ 169, mas cada uma custa R$ 226 para os prestadores. Então, o número de pacientes está estagnado, o Brasil não cresce o número de pacientes de diálise porque o pagamento do Ministério da Saúde é insuficiente”, disse.

O grupo queria entregar a lista de assinaturas à presidenta Dilma Rousseff, mas foi recebido por um assessor da Secretaria-Geral da Presidência, que se comprometeu a encaminhar o documento à presidenta e marcar uma reunião entre os manifestantes e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para a próxima semana.

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