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Assustado, vítima de Zambelli pede proteção

Deputada caiu quando ouviu a expressão “Eu te amo, espanhola”

O jornalista Luan Araújo, 32, que foi perseguido e ficou sob a mira da arma da deputada bolsonarista Carla Zambelli na tarde de ontem no bairro dos Jardins, em São Paulo, prestou depoimento à polícia na noite de ontem, assim como a parlamentar. Em conversa com jornalistas na saída da delegacia do 4º Distrito Policial, no bairro da Consolação, o homem se mostrou assustado com a repercussão do caso e preocupado com a própria segurança.

“Eu só quero proteção, que me protejam, que protejam minha mãe, minha família, mais nada”, disse. As falas foram registradas em um vídeo divulgado pelo portal Metrópoles. Aos jornalistas, Luan contou que tinha saído de um chá de bebê quando se envolveu na discussão, que terminou em ameaças da deputada e do segurança dela, ambos armados, contra ele. Ele disse que sabia do ato pró-Lula registrado na Paulista, mas que não estava a caminho do local. “Ia para outra comemoração e acabei me dando conta de que eu vi uma arma apontada para mim por causa de discussão política. É algo muito grave. Mais do que a questão política: eu sou uma pessoa preta, uma pessoa periférica, e apontaram uma mim à luz do dia”, disse.

Luan estava acompanhado de advogados do grupo Prerrogativas, que confirmaram a prisão do segurança da deputada, que atirou durante a perseguição ao homem desarmado. Nas redes sociais, a advogada de Luan, Sheila de Carvalho, afirmou que a deputada prestou depoimento sozinha, sem o apoio de qualquer colega bolsonarista. “Abriram mão dela muito mais rápido do que largaram o Roberto Jefferson”, afirmou.

A QUEDA

Carla Zambelli foi filmada apontando uma arma para Araújo na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada. Ela afirma ter sido agredida e empurrada pelo jornalista. “Eles usaram um negro para vir em cima de mim”, disse. Araújo conversou com o UOL e afirmou que a intenção de Zambelli era prendê-lo e matá-lo. Araújo afirmou que a confusão começou porque ele encontrou com Zambelli em um bar e a mandou “tomar no cu”. Ele relata que as pessoas que acompanhavam Zambelli começaram a filmar a discussão até que o homem disse “te amo, espanhola”. Foi neste momento que Zambelli se desequilibrou, caiu e passou a correr atrás da vítima com a arma.

Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o jornalista mais de uma vez “deita no chão”. Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma voz afirma “ela quer me matar, mano”. Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido. Ele diz ter ouvido um disparo, mas que não viu quem o efetuou.

A origem do “eu te amo espanhola”

Um dos vídeos em que a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) aparece correndo atrás de um homem negro após uma discussão política em São Paulo na tarde deste sábado, traz ao fundo um grito. ” Te amo, espanhola”, diz o homem, em provocação à deputada. A expressão chegou a ficar entre os assuntos mais comentados do Twitter no Brasil hoje (29). O que a frase quer dizer? A fala faz referência a uma briga entre Zambelli e o senador Omar Aziz (PSD), que dedicou a música de Flávio Venturini para a deputada após ser xingado por ela. A briga entre Aziz e Zambelli aconteceu durante a CPI da Covid-19 no Senado em junho do ano passado.

Após o xingamento de Zambelli, Omar Aziz também usou as redes sociais para responder com provocação à deputada: “acabei de ser ofendido por uma deputada. Como sou diferente do chefe dela e não ofendo ou agrido mulheres, vou apenas oferecer uma música”. O tuíte foi acompanhado de um vídeo com o trecho da música “Espanhola”, de Flávio Venturini.

Em 2019, a então deputada Joice Hasselmann afirmou na CPMI das Fake News que o presidente Bolsonaro perguntou a ela se Carla Zambelli teria trabalhado como prostituta na Espanha. “Quem me perguntou na sala do presidente depois de eleito se você tinha sido prostituta na Espanha foi o presidente”, disse Hasselmann. O que aconteceu hoje? Vídeos deste sábado mostram Zambelli apontando uma arma para um homem negro na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. Em um dos vídeos, a deputada atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada. De acordo com a coluna da jornalista Mônica Bergamo, o setor de inteligência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)

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