RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta terça-feira que o laboratório russo responsável pelo desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 não apresentou pedido de autorização de protocolo de pesquisa ou de registro no Brasil.
De acordo com nota da Anvisa, também não houve solicitação de qualquer entidade ou parceiro da referida vacina, que foi anunciada mais cedo pelo presidente russo, Vladimir Putin, como a primeira com aprovação regulatória para combater a doença provocada pelo novo coronavírus.
PARANÁ
O governo do Estado do Paraná, que havia anunciado anteriormente estar em negociações com o governo russo sobre possível parceria relativa à vacina, disse que assinará um acordo com a Rússia.
“Para que tenha qualquer troca de informações, qualquer reunião mais avançada, é necessária a assinatura do acordo entre o governo do Paraná e a Rússia, que está prevista para acontecer”, disse Jorge Callado, diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná, em entrevista à GloboNews.
Em nota, o governo do Paraná informou que o governador Ratinho Júnior (PSD) se reunirá na quarta-feira com uma delegação russa liderada pelo embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, mas não confirmou que o acordo para a vacina será assinado nessa ocasião.
Segundo o governo paranaense, o encontro terá como objetivo “definir os termos de um possível acordo entre as partes”.
DESCONFIANÇA
A vacina russa foi aprovada menos de dois meses após o início dos testes em humanos, o que levou cientistas internacionais a questionarem se a Rússia não está colocando o prestígio nacional à frente de uma ciência sólida e segura.
A aprovação pelo Ministério da Saúde russo veio antes do início dos testes clínicos em Fase 3 com milhares de voluntários — a etapa considerada normalmente como essencial para o registro de uma vacina.
Apesar de o chefe do fundo soberano da Rússia, Kirill Dmitriev, ter dito que a vacina deve ser produzida no Brasil após aprovação regulatória, o diretor-assistente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, alertou que uma eventual produção fora da Rússia não deve ser feita até que os testes das Fases 2 e 3 sejam concluídos, para garantir sua segurança e eficácia.
“Qualquer produtor de vacina tem que seguir este procedimento que garante sua segurança e tem a recomendação da OMS”, disse Barbosa, que é ex-presidente da Anvisa, em entrevista coletiva virtual realizada pelo braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas.