Sonaly Torres e Edna Imaculada apresentam trabalho sobre protagonismo feminino e artes cênicas em Salvador
FABRICIANO – As vozes e histórias de mulheres negras do Vale do Aço ganham espaço em um dos mais importantes encontros acadêmicos sobre arte e cultura do país. No próximo dia 11 de julho (sexta-feira), das 8h às 10h, as artistas, atrizes e pesquisadoras Sonaly Torres Silva Gabriel e Edna Imaculada Inácio de Oliveira apresentarão o trabalho “Akoma – Contação de Histórias e Teatro do Oprimido”, durante o Seminário Pedagogias Teatrais Negrorreferenciadas, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador.
A participação marca a presença do Vale do Aço no cenário nacional das discussões sobre cultura, arte e valorização das identidades negras. “Estar na UFBA é muito mais do que apresentar um trabalho acadêmico. É contribuir para a valorização das culturas africanas e afro-brasileiras, criando redes e diálogos que ajudam a diminuir a discriminação e o racismo”, destaca Sonaly.
TEATRO DO OPRIMIDO
O Projeto Akoma foi desenvolvido em Coronel Fabriciano através da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e surgiu como uma bolsa de estudos e aprofundamento artístico. Realizado no Rizoma Cultural, o trabalho envolveu oficinas presenciais e encontros online, utilizando técnicas de contação de histórias e do Teatro do Oprimido, metodologia criada por Augusto Boal, que envolve uma nova estética, um fazer teatral como uma prática horizontal, democrática, dialógica, para promover o protagonismo e o rompimento de opressões.
“Minha atuação representa a valorização da diversidade cultural e racial, um engajamento em prol da justiça racial em busca de cooperar para a eliminação do racismo e da discriminação”, diz Edna Oliveira. “Este trabalho também integra o esforço de construir relações raciais mais justas e menos discriminatórias, por meio da arte, da contação de histórias e da promoção das culturas africanas e afro-brasileiras”, ressalta Sonaly Torres.
Além das práticas artísticas, o projeto teve como produto final a elaboração de um artigo científico, assinado por Sonaly e Edna, relatando e analisando a experiência vivida pelas participantes. A partir desse artigo, as autoras submeteram um resumo ao seminário da UFBA, que foi aceito para apresentação.
“A integração entre teatro do oprimido e contação de histórias mostrou-se uma ferramenta poderosa no campo das artes cênicas, contribuindo para libertação de opressões e fortalecimento do protagonismo feminino, especialmente entre mulheres negras”, afirma Sonaly.
REFLEXÕES
As oficinas do Akoma ofereceram às mulheres negras participantes reflexões profundas sobre identidade, pertencimento e a força das narrativas diversas. As atividades também contribuíram para promover a equidade racial, fortalecer redes de apoio e estimular a consciência crítica na comunidade.
Sonaly e Edna possuem trajetória entrelaçada desde 1988, quando iniciaram juntas a graduação em Pedagogia e vivências no Teatro do Oprimido. Ambas também integram o Coletivo Roda das Pretas, movimento sociocultural voltado à valorização da cultura negra e ao enfrentamento das discriminações no Vale do Aço. Edna é, ainda, presidente do coletivo e atuou como orientadora no trabalho.
Segundo Sonaly, apresentar o Akoma em Salvador significa integrar o Vale do Aço a uma rede nacional de experiências culturais negro-referenciadas. “Queremos compartilhar a nossa experiência e aprender com outras iniciativas negras do país. É construir redes, fortalecer o pertencimento e valorizar a cultura afro-brasileira como instrumento de transformação social. É dar visibilidade às vozes das mulheres negras, muitas vezes invisibilizadas.”
A apresentação do Akoma acontecerá no Auditório 1 do PAF 5, campus Ondina da UFBA, e deve reunir pesquisadores, artistas e educadores de várias regiões do Brasil. Parte da programação do seminário pode ser disponibilizada online, mas detalhes sobre a transmissão ainda serão confirmados pela organização.