segunda-feira, novembro 25, 2024
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Precisamos falar sobre o Hamas

Do ponto de vista da estratégia militar e da defesa do povo palestino, o Hamas é um fracasso total

(*) Fernando Benedito Jr.

Sobre Israel, além de ter sido vítima do atentado de 7 de outubro, o que se vê é o de sempre: um estado terrorista, genocida e vingativo que aniquilou a Faixa de Gaza e massacrou seus habitantes em ataques a esmo, inclusive, a escolas, hospitais e alvos civis, em ações militares sem nenhum critério, sob o argumento de aniquilar o Hamas.

O Hamas é uma força política que administrava o Norte de Gaza (que já não existe mais, portanto, não há o que administrar), fortalecida pelo próprio estado de Israel para enfraquecer a Autoridade Palestina, de Mahamoud Abbas, que administra a outra banda da Faixa, a Cisjordânia. Além da atuação política, o Hamas possui diversos braços armados, como as brigadas Al Quds, Al Qassam e outros grupos militares que foram responsáveis pelo ataque-surpresa a Israel.

Supostamente têm pouco preparo militar, muita covardia e nenhuma inteligência, embora se diga na propaganda de guerra que são treinados pelo Irã, apoiados por Moscou, fortalecidos pelo Líbano, Síria e outros aliados do Oriente Médio. Aliados que os deixaram na mão ou são militarmente tão incapazes quanto o próprio Hamas. Ao atacar Israel, o Hamas cometeu um ato suicida, colocou o povo palestino na mira israelense e seus integrantes sumiram como ratos – dizem, que pelos tuneis de Gaza, que nunca foram mostrados. O fato é que do ponto de vista militar, o Hamas é um fracasso total. Sua ação só serviu para dar aos israelenses os motivos para destruírem a Faixa de Gaza, expulsar o povo palestino e ocupá-la num processo de anexação que sempre foi o objetivo principal do sionismo. Atacaram Israel e fugiram levando os reféns que pensaram que poderiam servir de escudo contra os ataques israelenses. Não foi assim. Netanyahu está pouco se importando com reféns.

A menos que tenham sido pulverizados, não se vê um corpo de líderes do Hamas. Não se vê um combate direto, uma base militar dos “terroristas”. O que se vê são amontados de concreto e ferros retorcidos, corpos de crianças, ataques a hospitais, ambulâncias, prédios destruídos.

Após o ataque surpresa a Israel, era de se esperar um contraataque das forças israelenses. O Hamas deveria ter pensado numa contraofensiva, que nunca ocorreu. Deveria ter pensado numa sequência de guerra e na proteção do povo palestino, que nunca veio.

Fez um ataque no dia 7, chacinou israelenses, provocou os sionistas e abriu caminho para a destruição da Faixa de Gaza e o genocídio de palestinos. E ficou por isso mesmo. Ou seja, não fez vantagem nenhuma.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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