segunda-feira, dezembro 9, 2024
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Polêmico, Benedetta chega aos cinemas em 13 de janeiro

Um dos filmes mais polêmicos deste ano Benedetta, de Paul Verhoeven, foi o grande vencedor internacional do 29º Festival MixBrasil, no qual também foi exibido na noite de abertura. O longa chega aos cinemas brasileiros com exclusividade pela Imovision no dia 13 de janeiro.

Verhoeven, que é um diretor conhecido por filmes ousados e polêmicos, como “Showgirls”,  “Instinto Selvagem” e “Elle”, partiu de uma personagem real, a freira católica mística e lésbica Benedetta Carlini, que viveu na Itália da Contrarreforma. Nascida em 1590, numa família de classe média, entrou para o Convento de Madre de Deus, em Pescia. Logo depois, começou a ter visões de homens que a tentavam matar, e por isso é assistida por uma irmã, que passou a dividir o quarto com ela. As duas se tornam ainda mais próximas, e surgindo um romance entre as duas.

O roteiro do longa, escrito por Verhoeven e David Birke, parte de uma vasta pesquisa da historiadora inglesa Judith C. Brown, publicada no livro “Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy”. No elenco, além Virginie Efira, no papel-título, Benedetta ainda traz Charlotte Rampling, como a Madre Superiora; Daphne Patakia, como Bartlomea, colega de quarto com quem a protagonista acaba se envolvendo; e Lambert Wilson, como um representante do Vaticano.

Benedetta teve sua primeira exibição em Cannes deste ano, no qual acusado de blasfêmia. Na coletiva do filme no Festival, Verhoeven rebateu dizendo: “Eu realmente não entendo como poder ser uma blasfemador em relação a algo que realmente aconteceu. Não se pode simplesmente mudar a história depois do fato. É possível dizer se foi certo ou errado, mas você não pode mudar a história. Creio que a palavra blasfêmia, nesse caso, para mim, é idiota.”

Em entrevista à Hollywood Reporter, o cineasta holandês disse que sua intenção nunca foi provocar, ao tocar em temas tão controversos em Benedetta. “As imagens aparecem na minha mente. Se eu estou interessado em as ver, o público também está. Não creio que o filme seja escandaloso, ao menos não na Europa Ocidental. Talvez os americanos o vejam de outra forma. Há mais puritanismo nos EUA. Eu vi isso acontecer com ?Instinto Selvagem?, e ainda mais com ?Showgirls?”.

Ao jornal Folha de S. Paulo, o diretor afirmou que “[o] que muitos veem como provocação neste filme não é nada além de eu tentando me manter próximo da realidade. E tendo respeito pelo passado ?nós não precisamos gostar do que fizemos ao longo da história, mas nós não devemos apagar nada.”

Apesar de toda controvérsia, Benedetta foi muito bem recebido pela crítica especializada no Festival Cannes, em julho. A revista Cahiers du Cinéma escreveu em sua crítica que “Paul Verhoeven não podia ter previsto, mas com este filme dá início a um regresso da energia vital à tela no que ela mais transborda: o épico e o espetacular seguido do íntimo, o filme histórico pontuado por dizeres contemporâneos […] tudo atravessado por um humor que nunca pede desculpas.” O jornal Positif pontuou que a “mistura de fantásticas visões religiosas e cenas eróticas dá ao filme um delicioso ar do cinema italiano tocado por aspirações místicas, enfrentando o risco do kitsch para chegar ao sublime.”

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