(*) Wanderson R. Monteiro
Ilustração: “O Casamento na Rua do Amanhã”, Iúri Pímenov,1962. Reprodução.
É inegável que, ao observarmos o histórico político do Brasil, somos confrontados com a persistente sensação de sempre estarmos perseguindo uma miragem. As promessas, os discursos, e todas as falas sobre transformações e progresso muitas vezes parecem mais ilusórios do que uma possível realidade palpável.
A ideia de que o “Brasil é o país do futuro” ecoa ao longo de nossa história como nação, sendo repetida várias vezes desde o seu descobrimento, mas a distância entre essa visão otimista e a realidade vivenciada por todos nós, os cidadãos, continua enorme. Essa miragem de um futuro brilhante, prometido de geração em geração, parece se afastar cada vez mais de nossos olhos, ainda mais, quando esse desejo é confrontado com as barreiras burocráticas, a má vontade dos governantes, e as dificuldades práticas de realização de todo esse sonho.
Enquanto a população anseia por ações concretas por parte de nossos governantes, a resposta muitas vezes vem em forma de mais promessas e discursos que, ao se aproximarem da “possível” prática e realização, se desvanecem, e somem, como uma ilusão. É como se estivéssemos perseguindo uma visão distante que desaparece diante dos desafios diários.
A burocracia estatal, tão conhecida e presente em nossa realidade brasileira, na maioria das vezes, se mostra como um obstáculo intransponível para a realização de bons projetos, transformando as iniciativas que poderiam tornar real essa visão de futuro em algo inalcançável. Assim, continuamos vivendo com a constante sensação de tentar agarrar algo que sempre escorrega entre os nossos dedos, como se a máquina administrativa conspirasse contra a concretização de ideias que poderiam, de fato, transformar a nação e todo o cenário nacional.
Dessa forma, é impossível não nos questionarmos se essa esperança de que o Brasil venha a ser “o país do futuro” não seja apenas uma narrativa desgastada ou se pode, de fato, ser convertida em uma realidade, mesmo que em um futuro distante, pois, como diz o ditado: “Antes tarde do que nunca”.
Todo esse ciclo de promessas não cumpridas só terminará quando nossos governantes, e toda a população, assumirem um compromisso sério com relação às decisões que devem ser tomadas para a melhoria de nossa nação.
Além disso, esse compromisso, por parte dos governantes, deve ser encarado como algo completamente apolítico, sem visão de vantagem ou de lucro, de forma que as melhorias não sejam vistas como moeda de troca mas, pura e simplesmente, como a execução de seu trabalho na busca de melhorar nosso país. Se as melhorias em nossa nação não forem enxergadas dessa maneira, viveremos mais décadas, ou séculos, perseguindo uma miragem que nunca poderá ser alcançada.
(*) Wanderson R. Monteiro é escritor e jornalista. Bacharel em Teologia e graduando em Pedagogia.
(dudu.slimpac2017@hotmail.com)
São Sebastião do Anta – MG