LISBOA – O PS (Partido Socialista), legenda do atual primeiro-ministro português, António Costa, ganhou as eleições parlamentares de Portugal de domingo (30.jan.2022) com 41,68% dos votos. Governará com maioria absoluta de 117 cadeiras no Parlamento. Em 2019, tinha 108 –e precisou do apoio de outros partidos de esquerda para formar o governo. O principal adversário, o centro-direitista PSD (Partido Social Democrata) conquistou 71 cadeiras com 27,8% dos votos. Em ascensão, o partido de direita Chega ficou com 12 deputados e é a 3ª maior força política do país. Nas últimas eleições, ocupava só uma vaga na Assembleia da República, o Parlamento local.
Nas legislativas portuguesas, os eleitores votam em partidos. A legenda ou coligação com mais deputados na Assembleia da República indica o primeiro-ministro e forma o governo. No total, são 230 deputados eleitos a cada eleição legislativa. Agora, o PS não precisará mais se coligar com outros partidos de esquerda –o que ficou conhecido como “geringonça” em 2015. Depois das eleições parlamentares daquele ano, PS, PCP (Partido Comunista Português) e BE (Bloco de Esquerda) entraram em acordo e assinaram um documento se comprometendo a viabilizar um governo de esquerda pelos próximos 4 anos.
Foi assim que António Costa chegou ao cargo de primeiro-ministro. Foi essa a solução ficou conhecida como “geringonça”. O entendimento expirou em 2019, ano das últimas legislativas. O PS não conseguiu a maioria absoluta e, sem a garantia de colaboração dos antigos parceiros, precisou negociar a cada votação. A relação entre os partidos de esquerda deixou de ser tão amigável quanto nos tempos de “geringonça”. PCP e BE votaram contra a proposta do Orçamento de 2022, que culminou na crise política atual.
ESTABILIDADE
O premiê afirmou que os contatos com os partidos políticos com assento parlamentar mostraram que há «todas as condições de bom diálogo político» para que haja estabilidade política, apesar de não ter havido acordos escritos como houve na anterior legislatura.
Antonio Costa fez uma declaração no final da reunião em que apresentou o elenco completo do Governo ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Costa sublinhou que «a estabilidade política se constrói de diversas maneiras», acrescentando: «O mais importante, como sempre disse, não é a forma. Sobre a forma sou agnóstico. Acho que é importante que haja a continuidade do diálogo».
«E tenho a expectativa, aliás, dos contatos que pude manter não só com o Bloco de Esquerda, mas também com o PCP, com o Partido Ecologista, os Verdes, com o Livre, com o PAN, de que haja todas as condições de bom diálogo político ao longo desta legislatura que contribuirão seguramente para que haja estabilidade política ao longo destes quatro anos», disse.