Foto: Representantes do Pacto pela Democracia durante encontro no TSE
SÃO PAULO – Num contexto de ataques incessantes às urnas eletrônicas, o Pacto pela Democracia lançou na última terça-feira (10) o Manifesto “Em defesa das Eleições”, conclamando as instituições políticas e de Estado à mobilização em defesa do processo eleitoral brasileiro. No documento, a coalizão composta por 200 organizações da sociedade civil brasileira, vem a público manifestar o seu compromisso com a defesa da integridade das eleições de 2022. “Repudiamos, por isto, com absoluta veemência, discursos antidemocráticos, que enaltecem ideias de cunho autoritário, assim como qualquer espécie de obstrução ao trabalho das instituições responsáveis pelo processo eleitoral”, destaca o texto.
DEFESA DA DEMOCRACIA
A Coordenadora de Advocacy do Pacto pela Democracia, Natália Sant’Anna, esteve com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, e com parlamentares ao longo desta semana e entregou em mãos o manifesto às autoridades. Organizações da Rede do Pacto como Artigo 19, Conectas, Greenpeace, Instituto Ethos, Instituto Igarapé, Instituto de Defesa do Direito de Defesa, Instituto Não Aceito Corrupção, Transparência Internacional e WWF acompanharam a agenda em Brasília. O lançamento do manifesto ocorreu às vésperas do primeiro dia do Teste Público de Segurança (TPS) das urnas eletrônicas, iniciativa de checagem para a qual a secretaria executiva do Pacto pela Democracia e organizações que compõem a iniciativa foram convidadas. Os testes comprovaram que nenhuma tentativa de ataque violou o sistema eleitoral. A agenda de encontros foi destaque no Jornal Nacional, desta quarta-feira (10).
A íntegrado manifesto é a seguinte:
Em defesa das eleições
O Pacto pela Democracia, coalizão composta por 200 organizações da sociedade civil brasileira, vem a público manifestar o seu compromisso com a defesa da integridade do processo eleitoral e conclamar as instituições políticas e de Estado a se juntarem, de forma assertiva, nessa nobre missão. Em menos de cinco meses teremos eleições gerais no Brasil, as mais desafiadoras da nossa história recente, em função dos sistemáticos e infundados ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de seus apoiadores ao processo e às instituições eleitorais.
O processo eleitoral brasileiro é respeitado em todo o mundo e conta com um sistema de verificação atenta de observadores internacionais e nacionais, além do Ministério Público Eleitoral, sob a presidência dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Destaca-se ainda que o sistema eletrônico de votação é utilizado em mais de quarenta outras nações para a realização de diversos tipos de eleições. Nunca, na história de nosso país, esse sistema apresentou qualquer indício de problema que comprometa a sua confiabilidade. Em complemento, reconhecemos e saudamos os amplos esforços promovidos pelo TSE para dar ainda mais transparência e participação social ao processo preparatório das eleições.
Descredibilizar e enfraquecer o processo eleitoral interessa apenas àqueles que não têm compromisso com a expressão da vontade popular, definida através do voto, base do nosso sistema democrático. As declarações que sugerem a não realização do pleito eleitoral e a apuração paralela de votos por quaisquer outras entidades, que não aquelas ligadas à Justiça Eleitoral, extrapolam toda a normativa em vigor e são inadmissíveis em um Estado Democrático de Direito. A sugestão de que isso seja feito pelas Forças Armadas, parte da burocracia estatal, responsiva ao poder Executivo, cujas atribuições são alheias a este exercício cívico, representa uma grave ameaça à nossa democracia.
Repudiamos, por isto, com absoluta veemência, discursos antidemocráticos, que enaltecem ideias de cunho autoritário, assim como qualquer espécie de obstrução ao trabalho das instituições responsáveis pelo processo eleitoral. Quem defende o cerceamento da atuação de instituições democráticas, como o TSE e o STF, desrespeita a Constituição, o Estado Democrático de Direito e age na contramão dos interesses da sociedade.
Conclamamos o Congresso Nacional e o Ministério Público, em especial a Procuradoria-Geral da República, a se posicionarem em defesa da ordem jurídica e do regime democrático. Esse foi o compromisso assumido por cada parlamentar, promotor e procurador do Estado brasileiro quando de sua posse. Conclamamos também a imprensa e os mais diversos setores da sociedade civil a trabalharem pela realização de eleições livres, íntegras e pacíficas, com a garantia de que o resultado das urnas seja devidamente respeitado.