Opinião

Os amigos do presidente

(*) Fernando Benedito Jr.

Foto: Bolsonaro e Michelle durante passeio em Dubai

As relações de amizade dizem muito sobre as pessoas. Desde que nossas mães ralhavam por nossas escolhas: “Não ande com fulano que ele não é boa bisca”, “beltrano só te leva para o mal caminho” (às vezes era a gente que não prestava e levava o outro para o mal caminho), estes avisos fazem algum sentido. Mas, passaram a ter mais importância mesmo após o alerta bíblico: “Me diga com quem andas e te direi quem és “.

Nada tão real e verdadeiro, particularmente no caso do presidente Bolsonaro.

Desde que perdeu seu primeiro amigo Donald Trump, perdeu as eleições, ele vive em busca de preencher o vazio com outro bbf, mas tem feito escolhas cada vez piores. Não só pelas escolhas. Bolsonaro é o tipico caso da pessoa que é pior que o mau amigo. É ele quem desencaminha os outros, que faz molecagens e coloca a culpa no outro, chama para fazer a estrepulia e depois cai fora…

Na tentativa de mostrar que não está isolado internacionalmente, Bolsonaro primeiro se aproximou de Trump ainda que a recíproca não fosse verdadeira. Era de uma subserviência de fazer dó. Um amor não correspondido que levava às lágrimas.

Tentou se aproximar dos seus. Dos representantes da extrema direita no mundo. Nem eles quiseram muita aproximação, tal o nivel de toxicidade e alto risco de contaminação.

Tentou Salvini na Itália, um direitista xenófobo, antiimigrantes, mas seu colega parece ter mais o que fazer e o máximo esforço de aproximação que fez foi pedir à prefeita de uma cidadezinha italiana que concedesse a Bolsonaro o título de cidadania honorária, que a oposição quer cassar. Bolsonaro não se enquadraria nos requisitos para receber a honraria local.

Ainda na Europa, numa aproximação articulada pelos filhos, procurou Viktor Orban na Hungria, que não fez muitos acenos. Duda, na Polônia, ainda não saiu na foto. E com Putin foi aquilo que se viu: uma foto, uma declaração conjunta protocolar. Nem promessa de mais glifosato trouxe na bagagem.

Depois de passear em Dubai com sua caríssima (no sentimento esbanjamento mesmo) comitiva, também sem qualquer resultado prático, Bolsonaro quer retomar os contatos no Oriente Médio. Sua próxima tentativa de amizade é ninguém menos que o príncipe saudita Mohammed bin Salman acusado pelo Departamento de Inteligência dos EUA de assassinato do jornalista Jamal Kashoggi em 2018, por criticar o regime saudita.

E olha que não se fala aqui dos amigos do baixo clero, como Queiroz, milicianos cariocas e colegas dos tempos de parlamento.

Para quem defende ditaduras, regimes autoritários, tortura e torturadores, Bolsonaro estará à vontade entre os seus. Tem que ver se Bin Salman também se sentirá à vontade ao lado de companhia tão constrangedora.

É o Brasil mantendo em alto nível as relações internacionais.

(*) Fernando Benedito Jr.

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