quarta-feira, dezembro 11, 2024
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O capitão e a solidão do 31 de março

(*) Fernando Benedito Jr.

Desde que tomou posse, as demonstrações de “apreço” de Jair Bolsonaro aos militares são muitas. Esta identificação vem dos tempos de caserna, embora não tenha cumprido muito bem seu papel como militar, já que tinha um perfil mais para terrorista com suas ameaças de explodir quartéis – sinal de que seus sintomas de psicopatia são antigos.

“Dezesseis de junho de 1988. Por 9 votos a 4, o então capitão do Exército Jair Messias Bolsonaro é absolvido pelo Superior Tribunal Militar (STM). Cinco meses antes, em janeiro, um conselho de justificação do Exército o considerara culpado, por 3 a 0, por ter tido ‘conduta irregular e praticado atos que afetam a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe’. O julgamento era sobre o plano, revelado meses antes desse julgamento pela revista Veja, de explodir bombas em quartéis e em sistema de abastecimento de água em protesto por melhores salários no Exército. Bolsonaro negou participação”, lembra o site Conjur de 10 de agosto de 2021.

De lá para cá, pouca coisa mudou. Das apologias ao torturador coronel Brilhante Ustra, que não se cansa de repetir, desde que era congressista e como voltou a fazer neste último dia 31, data do golpe militar de 1964; passando por um ministério eminentemente militarizado (antes da reforma da última quinta-feira), aos constantes decretos e atos beneficiando militares da ativa e reformados; Bolsonaro faz um tremendo esforço para agradar à caserna.

A apologia à tortura, ao golpe, às ações de terrorismo de Estado, toda a bajulação às forças armadas não são fruto apenas do amor que o ex-capitão nutre pelas Armas, pela farda, pela hierarquia e obediência, pelo patriotismo. Na verdade, desde o começo de seu mandato busca nas forças armadas e de segurança o apoio para seguir no poder. E não lhe interessa só o voto dos militares. Se puderem também lhe empenhar o fuzil para aniquilar de vez com a democracia e suas instituições, serão bem vindos.

A ideia de ter sempre um vice da ala militar é como se fosse um salvo-conduto anti-impeachment. Em sua mente doentia imagina que um vice militar pode evitar que venha a sofrer um impedimento por temor de uma reação nos quartéis. Contudo, com todo o chaleirismo, com todo o servilismo, em todas as tentativas de demolir as instituições democráticas, Bolsonaro se viu sozinho, sem o esperado apoio da “cavalaria” que viria dos quartéis.

De tal maneira, que em todos os dias 31 de março, não lhe resta outra coisa a fazer senão juntar-se aos seus e tecer loas ao golpe e aos torturadores, como uma novena. O povo mesmo não celebra isso.

(*) Fernando Benedito Jr. é jornalista e editor do DP.

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