sexta-feira, novembro 29, 2024
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O anjo caído

(*) Fernando Benedito Jr.

A operação Anjo que prendeu Fabrício Queiroz no sítio do advogado Frederick Wassef em Atibaia desvenda relações que já se sabia existir, mas que jogam mais luz nas trevas de onde saiu este Wassef, o tal “Anjo” –  embora negue que seja ele o ser celestial, sem explicar o que Queiroz  foi fazer no seu quintal. Ele é advogado do diabo, ninguém menos que Jair Bolsonaro; e do diabinho, o filho Flávio Bolsonaro. É freqüentador assíduo dos palácios do Alvorada e do Planalto e, mais do que advogado, é amigo da família. Deu cobertura a Queiroz como se faz entre amigos, atendendo a pedidos. A mecânica é mais ou menos a da que acoitou o miliciano Adriano da Nóbrega, que teve menos sorte e foi morto na operação de captura na Bahia. Aliás, Queiroz pegava o dinheiro da rachadinha dos funcionários de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio e repassava a Adriano, que fazia “investimentos” como mestre de obras em áreas invadidas pela milícia do Escritório do Crime nos subúrbios do Rio, construindo prédios ilegais que depois eram alugados. A família Bolsonaro tem muitos imóveis no Rio e também em Brasília, onde o presidente costumava ir para comer gente enquanto recebia auxílio-moradia da Câmara dos Deputados para comprar mais imóveis.

Segundo O Globo, a mulher de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar, foragida da justiça, procurou Raimunda Magalhães Veras, a mãe de Adriano da Nóbrega, o miliciano morto na Bahia, para ajudá-la a definir uma rota de fuga. Aliás, a mãe e a mulher de Adriano foram “fichadas” por Queiroz no gabinete de Flávio na AL do Rio.

São estas pessoas, estes amigos, que a Polícia Federal iria “f…”, se nada fosse feito, como disse o presidente naquela fatídica reunião ministerial, em que buscava proteger seus amigos e familiares tomando para si a Polícia Federal.

Em meio a este inferno astral envolvendo milicianos e com a condescendência dos militares do Planalto e dos quartéis, enlameando as forças armadas, segue o baile, com todas as características de uma organização criminosa bem articulada. Haja vista a fuga de Abraham Weintraub para os EUA. Para não correr o risco de ser preso, embarcou furtivamente e só após pousar em solo americano, com passaporte diplomático, foi exonerado. Uma legitima saída por cima. À la Regina Duarte, com um prêmio de consolação.

O caso do Anjo só ilustra com tintas mais fortes o tipo de governo que existe no Brasil. É o submundo da escória criminosa, miliciana e genocida.

 (*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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