(*) Walber Gonçalves
A corrupção no Brasil se mostra a cada dia mais enraizada. Todos os dias, isso mesmo, nesse caso não é força de expressão, todos os dias há um novo caso sendo noticiado. Fico imaginando quantos não chegam ao menos atingir o grau da suspeita, por serem muito bem articulados e realizados.
Em plena pandemia da COVID 19, recursos que deveriam ser destinados à saúde são desviados; malas com dinheiro vivo também estão se tornado comum, como se fosse a coisa mais trivial; recebimento de recursos ilegais então virou prática; favorecimento e enriquecimento com o dinheiro público é praxe no mundo político. Esses são alguns de centenas de exemplos.
Mas de tudo isso nasce a interrogação: o que acontece no Brasil que esses crimes não são devidamente combatidos e punidos? Tudo aqui começa com muito zoeira e com o tempo vai perdendo o foco. Veja por exemplo a Operação Lava Jato, que passou a ser uma Operação Lava com mangueira, e provavelmente está entrando no estágio Operação Lava com balde, e num futuro bem próximo Operação Espanador, que espalha a sujeira, mas fornece a impressão que está tudo limpo. Seria cômico se não fosse trágico. Mas é a pura realidade do nosso país, que insiste em fingir que é sério.
Entretanto, você poderia estar pensando, mas alguns foram presos, a justiça está sendo feita. Será? Sinceramente tenho minhas dúvidas. Tudo que fazemos na vida corremos um risco. Com a bandidagem não é diferente.
Todavia, pergunto a você leitor: quantos políticos de fato você conhece que estão presos por corrupção? Não digo em prisão domiciliar, no luxo das mansões pagas com o nosso dinheiro. Mas sim no cárcere comum de todos aqueles que perdem o direito à liberdade.
Imagina se fizéssemos um pente fino no país, do Oiapoque a Chuí, da menor à maior prefeitura desse país, do menor ao maior Estado, passando por todos os órgãos públicos e empresas privadas que são movidas também por dinheiro público, tenho certeza que muita gente estaria preocupada. E se fôssemos um país minimamente sério, muitos amargariam uma vaga nos presídios.
Mas como isso não acontece, o risco que se corre aqui nas atividades que envolvem a corrupção, faz o crime compensar. Aposto que mais pessoas honestas quebram ao tentarem abrir um comércio do que um bandido, transfigurado de pessoa pública é punida pelos seus atos criminosos.
Entre essas e outras, pelo mínimo risco que se corre, aqui o crime de “Colarinho Branco” continua compensando e é justamente por isso que todos os dias surgem novos casos e o resultado, o desfecho final provavelmente será uma rodada com fartas pizzas e muitas gargalhadas, pagas lógico, como o nosso dinheiro, afinal o crime tem que ser completo.
(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.