SÃO PAULO – O Brasil perdeu nesta quinta-feira (24) um de seus maiores ícones esportivos: José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila. Aos 66 anos, o ex-boxeador, que foi uma referência do esporte nos anos 80 e 90, faleceu, deixando um legado inesquecível e incontestável para o boxe nacional.
TRAJETÓRIA E LEGADO
Nascido em Aracaju, Sergipe, no dia 12 de junho de 1958, Maguila cresceu em uma realidade de poucas oportunidades, mas foi através do boxe que encontrou seu caminho para a fama e o reconhecimento. Com uma impressionante carreira de mais de 85 lutas, Maguila se tornou um dos boxeadores mais populares do Brasil e chegou a figurar entre os principais nomes do esporte no cenário internacional.
Conhecido por sua força, resiliência e garra, Maguila venceu 77 lutas, sendo 61 delas por nocaute, e sofreu apenas 7 derrotas e 1 empate. Um dos pontos altos de sua trajetória foi a conquista do título de campeão sul-americano e campeão mundial dos pesos pesados pela Federação Mundial de Boxe (WBF), títulos que consolidaram sua posição como um dos grandes atletas da modalidade.
Seu estilo de luta agressivo e poderoso, aliado a uma presença de ringue carismática, fez com que ele se tornasse um verdadeiro ídolo popular, em especial entre aqueles que viam em sua história de vida uma fonte de inspiração.
DUELOS
Maguila protagonizou grandes duelos que ficaram marcados na história do boxe. Entre seus adversários mais famosos, estão o americano Evander Holyfield, em uma das lutas mais aguardadas da época, e George Foreman, outro gigante do boxe mundial. Embora tenha saído derrotado nesses confrontos, Maguila demonstrou imensa bravura, sempre lutando de igual para igual com os grandes nomes do esporte.
Sua determinação em cada combate e seu espírito incansável fizeram dele um atleta amado pelo público e um dos responsáveis pela popularização do boxe no Brasil, que, até então, não tinha tanta visibilidade.
DOENÇA
Após se aposentar dos ringues, Maguila enfrentou uma batalha árdua fora deles. Em 2010, foi diagnosticado com encefalopatia traumática crônica (ETC), doença degenerativa causada pelos repetidos golpes na cabeça durante sua carreira como boxeador. Com o tempo, a condição foi se agravando, levando a problemas de memória, alterações de comportamento e comprometendo sua qualidade de vida.
Nos últimos anos, Maguila viveu afastado dos holofotes, recebendo cuidados médicos intensivos em São Paulo. Sua esposa, Irani Pinheiro, esteve ao seu lado durante todo o processo, sempre lutando para garantir o melhor tratamento possível. Apesar das dificuldades, a imagem de Maguila como um guerreiro incansável permaneceu viva no imaginário popular.
SUPERAÇÃO
Além de seus feitos no boxe, Maguila também deixou sua marca como um exemplo de superação. Vindo de uma origem humilde, ele se tornou um dos grandes nomes do esporte brasileiro, provando que a determinação pode romper barreiras e transformar vidas. Maguila sempre foi visto como um homem simples, de origem trabalhadora, que soube conquistar o carinho do público não apenas pelos títulos que acumulou, mas também por sua humildade e carisma fora dos ringues.
Em uma época em que o boxe não tinha tanta visibilidade no Brasil, ele ajudou a despertar o interesse de muitos jovens pelo esporte. Seu legado vai além de suas conquistas esportivas: Maguila foi um desbravador, um ícone popular que mostrou que, mesmo com todas as adversidades, é possível chegar ao topo.
HOMENAGENS
Diversas figuras do esporte e celebridades já começaram a prestar homenagens ao ex-boxeador. A Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) emitiu uma nota oficial destacando a importância de Maguila para o esporte nacional e sua contribuição ao longo das décadas. Fãs nas redes sociais também expressam pesar pela perda e lembram com carinho das inúmeras lutas e momentos de glória vividos por Maguila.
O corpo de Maguila será velado em São Paulo, cidade onde morava nos últimos anos, e o enterro está previsto para acontecer nesta sexta-feira (25), em cerimônia restrita para familiares e amigos próximos.