O que se percebe, muitos, tardiamente, são os passos perdidos, o retrocesso. Zema é um deles – o outro, nem se fala -, uma vergonha que Minas e o Brasil não precisam passar
(*) Fernando Benedito Jr.
Particularmente, não tenho muita paciência para ouvir o governador de Minas falar qualquer coisa. Acho o sotaque um tanto carregado para um empertigado como ele que ficava falando asneiras durante a campanha eleitoral, como se tivesse estudado em Harvard, com doutorado em Stanford, a respeito de meritocracia, competência da iniciativa privada que seria colocada a serviço do Estado, o exemplo de suas bem sucedidas empresas e, principalmente, sobre o novo, a nova política anti-sistema, o trabalho gratuito que ele e seus secretários fariam quando assumissem o governo. Pura balela e proselitismo da mais velha estirpe da política, que, como se viu, só serviria para enganar o povo mineiro. O cara é um idiota. E muitos dos que votaram nele, também. Os outros foram enganados mesmo.
Penso que a alternância no poder nas democracias tem a função primordial de levar o cidadão ao aprofundamento do conhecimento político, econômico, social, cultural. Experimenta um, vê do que ele é capaz ou não e na eleição seguinte escolhe outro melhor, até chegar num nível alto de escolha, num patamar em que eleitores e políticos se nivelem por cima, pelo topo, ancorados no que há de melhor na ética, no pensamento filosófico, nas políticas econômicas, culturais, nas relações exteriores, etc.
É claro que as sociedades tem suas divisões e classes, as pessoas tem diferenças de pensamento e a cada eleição expressam esta divisão votando em candidatos dos partidos que representam cada estrato social e de pensamento. Normal, e a democracia de alto nível se constrói assim.
Entretanto, Minas e o Brasil estão fazendo escolhas um tanto equivocadas. Sem dúvida é a expressão da democracia e são posições que venceram nas urnas e derrotaram, ainda que momentaneamente, seus antagonistas e suas convicções políticas. A democracia pressupõe o embate e também a tolerância, a aceitação da derrota e da vitória que resulta da vontade popular. E pressupõe a discordância. O derrotado não é obrigado a concordar com a derrota, exatamente porque a democracia é um processo em permanente construção.
Agora, o que se percebe, muitos, tardiamente, são os passos perdidos, o retrocesso. Zema é um deles – o outro, nem se fala -, uma vergonha que Minas e o Brasil não precisam passar.
Deixa o tempo correr.
(*) Fernando Benedito Jr. é jornalista e editor do Diário Popular.