terça-feira, novembro 26, 2024
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Lugar de general é no quartel

(*) Fernando Benedito Jr.

As recentes declarações dos generais que integram o governo Bolsonaro, mais uma vez deixam claro que lugar de militar é no quartel, cuidando de seus deveres e missões constitucionais, como proteger as fronteiras do País, garantir a soberania nacional. Quando não tiverem nada para fazer, deveriam cuidar de construir pontes, estradas, submarinos, portos, enfim, fazer alguma coisa útil, ao invés de só gastarem os recursos do Orçamento da União e falar bobagens para bajular o presidente em seus desatinos.

Deveriam se manter nos quartéis não só por suas declarações antidemocráticas e autoritárias, que ameaçam as instituições do Estado democrático de direito, mas para não passarem a vergonha de terem que se submeter à idiotice do chefe, ainda que ele seja o comandante máximo das Forças Armadas – e até por isso.

No afã de defender as insanidades do comandante-em-chefe, uma condição tão temporária quanto o cargo que eventualmente ocupa, acabam se metendo em encrencas, sujam o nome das Forças em casos de corrupção, como na compra superfaturada de vacinas. São obrigados a servirem de capachos ou são colocados publicamente em situações vexatórias de lambe-botas como na recente substituição do general Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, que será trocado pelo senador Ciro Nogueira, do Centrão. “Me senti atropelado por um trem”, disse ele, ao ser informado da substituição, embora o “trem” não lhe tenha causado nem um arranhão: “O presidente é ele, eu sou soldado, cumpro missão. Aprendi, em 47 anos de vida militar, que soldado não escolhe missão. Se ele me der outra no governo, eu aceito”, resignou-se com a falsa humildade dos amigos traídos.

Não é o primeiro nem será o último dos generais a ser pisoteado e apunhalado pelo chefe.

De outra feita, sai o general Braga Netto, ministro da Defesa, em respaldo do mequetrefe, com essa história sem pé nem cabeça de voto impresso. Segundo Braga Netto, as eleições do próximo ano só acontecerão com voto impresso, insinuando que sem ele, é golpe. O que os generais sabem de voto? Não gostam dele nem eletrônico, nem impresso, nem no papel. Gostam de ditaduras. Mais uma razão pela qual devem ficar no lugar de onde nunca deveriam ter saído. A obrigação destes senhores fardados é defender o Brasil, o que significa, em última análise, defender a democracia brasileira, a Constituição. Antes de tudo, é à lei máxima que devem obediência e respeito. Não ao chefe desequilibrado que os comanda.

Isto posto, antes que as declarações golpistas, as atitudes autoritárias ganhem corpo, seria melhor dar meia-volta e voltar à caserna.

O papel que estão fazendo é muito feio. E vergonhoso, à medida que demonstra covardia e subserviência, quando deveriam ter a coragem e ousadia dos guerreiros para combater por melhores causas mais nobres, em missões mais justas e dignas.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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