Cidades

Ipatinga sepulta primeira vítima suspeita de coronavírus

Homem em situação de rua veio a óbito com sintomas gripais, como tosse, febre, dor de garganta, dificuldade respiratória e forte suspeita de contaminação por coronavírus

IPATINGA – A Prefeitura de Ipatinga, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, divulgou nota no início da noite deste sábado, informando que um morador em situação de rua veio a óbito neste sábado (11), após ser internado no Hospital Municipal com sintomas gripais, como tosse, febre, dor de garganta, dificuldade respiratória e forte suspeita de contaminação por coronavírus. Trata-se de um homem de 74 anos e que não tinha contato com familiares, identificado como R. L, que há seis meses vivia no bairro Bom Retiro, pernoitando na av. Fernando de Noronha.

O paciente deu entrada na unidade do serviço de saúde pública na noite desta sexta-feira (10). O quadro descrito se agravou, tendo evoluído para a morte na manhã deste sábado.

Seguindo todos os protocolos recomendados, as autoridades municipais de saúde procederam à coleta de material para realização de exames e conclusão de investigações acerca da COVID-19.

PRESSÃO

O caso ocorre 5 dias após a Prefeitura Municipal, sob intensão pressão do setor comercial da cidade, decidir pela reabertura do comércio. Nos últimos dias, um intenso movimento capitaneado pelas associações comerciais, clubes de dirigentes lojistas do Vale do Aço e Sindcomércio, apoiados por pequenos e médios empresários (alguns com visíveis interesses político-eleitorais) de viés bolsonarista, realizou atos e manifestações pela reabertura do comércio, rompendo a política de isolamento social, principal medida para conter o avanço do coronavírus.

FLEXIBILIZAÇÃO

Na terça-feira, após uma reunião de mais de quatro horas, no Fórum da Comarca, com a participação de representantes do Ministério Público e os prefeitos da Região Metropolitana do Vale do Aço, o Executivo de Ipatinga decidiu tomar novas medidas flexibilizadoras, respeitando os limites da Resolução 17 do Governo do Estado, para o funcionamento do comércio no município a partir desta quarta-feira (8). Os horários ainda são restritos e há orientações especiais a serem seguidas. A recomendação da Promotoria de Justiça foi de que a flexibilização ocorresse somente a partir do dia 13 de abril, mas com base em números positivos dos boletins epidemiológicos locais, o prefeito Nardyello Rocha resolveu antecipar a providência. A definição foi referendada em encontro do Comitê Gestor de Crise, inclusive com a participação de lideranças do comércio, e está sendo oficializada em decreto que será editado nas próximas horas.

AGLOMERAÇÕES

Embora o governo municipal defenda que a flexibilização tenha sido possível em função das medidas de isolamento adotadas previamente, o município ainda é vulnerável à propagação, particularmente quando as normas para evitar aglomeração não são cumpridas. É o que tem se verificado nos principais centros comerciais do município, supermercados (muitos promovendo liquidações), parques e avenidas, já que uma grande parcela da população ignora a virulência da pandemia e depende de exemplos e medidas duras que venham dos poderes públicos e dos setores supostamente mais informados da sociedade. Conforme o boletim epidemiológico do último dia 8, em Ipatinga existem 1,267 casos em investigação, 4 confirmados, 275 descartados, 16 internados sob suspeita (50% idosos). Ainda segundo a Prefeitura, do total de casos suspeitos, 974 já cumpriram quarentena, porém seguem sendo investigados.

O que se verifica em todos o País até agora é que a resposta dos testes para coronavírus tem uma enorme defasagem em relação à evolução da doença e número de óbitos. Muitos morrem antes mesmo de se saber o resultado dos testes, como é o caso de Ipatinga. Nesse ínterim um grande número de pessoas pode ter sido contaminada, além da propagação através de casos assintomáticos.

Em Ipatinga ainda existem muitos casos em investigação e sem resultados concretos. Não existem testes para um número maior de pessoas, não há respiradores, vagas em UTIs, nem capacidade nas unidades de saúde para atender a uma demanda mais ampla em caso de proliferação do vírus, portanto, todo cuidado é pouco ao se tomar medidas de flexibilização.

CURVA ACHATADA

Ao decidir flexibilizar o isolamento em Ipatinga, o prefeito Nardyello Rocha afirmou que “graças ao isolamento social horizontal que estabelecemos providencialmente na cidade, logo nos primeiros sinais de avanço da pandemia no país, temos hoje uma curva de contaminação bastante achatada, com crescimentos de casos suspeitos de apenas 0,5% e 0,8%, respectivamente, nos dois últimos dias, o que é uma vitória muito grande em comparação com o salto de 172% de pessoas com sintomas da COVID-19 de um dia para o outro, na semana inaugural de registros na cidade. Hoje, no Estado, a média de crescimento dos casos suspeitos é de 8%. Em condições mais seguras, estamos agora flexibilizando o funcionamento dos estabelecimentos comerciais em condições e horários específicos, para proteger a economia local de consequências mais graves. Outro dado favorável é que muitas pessoas com casos sob investigação estão saindo da quarentena. Contudo, continuamos acompanhando os números e vamos inibir os excessos, caso as regras especiais não sejam observadas”, advertiu o prefeito Nardyello Rocha.

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