sexta-feira, dezembro 6, 2024
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Estudo da UFLA associa o vício em smartphones a transtornos mentais

Pesquisadores da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Lavras (FCS/UFLA) conduziram um estudo que estabelece uma conexão entre o vício em smartphones e o aumento de transtornos mentais, incluindo ansiedade, depressão, estresse, distúrbios alimentares e insatisfação corporal.

LAVRAS – Segundo o coordenador da pesquisa, professor Eric Francelino Andrade, a literatura internacional já sugeria que o uso excessivo de smartphones poderia impactar negativamente a saúde mental, mas havia uma escassez de dados específicos sobre a população brasileira. Para abordar essa lacuna, a equipe de pesquisa analisou estudos internacionais e adaptou suas descobertas ao contexto brasileiro.

Os resultados obtidos indicam que indivíduos com vício em smartphones apresentam níveis significativamente mais altos de depressão, ansiedade e estresse. Essa descoberta destaca a importância de compreender os efeitos da tecnologia na saúde mental da população.

ESTUDO

Para compreender de que maneira o uso excessivo de celulares pode impactar nossa vida, um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Lavras (FCS/UFLA) associou o vício em smartphones a transtornos mentais, como ansiedade, depressão, estresse, distúrbios alimentares e insatisfação corporal. Foram avaliados 781 estudantes universitários, sendo 410 homens e 371 mulheres, de graduação ou pós-graduação, de faculdades públicas ou particulares de todo o Brasil, com faixa etária entre 18 e 65 anos, no caso de homens, e 18 e 75 anos, no caso de mulheres. Os dados foram coletados em 2023 por meio de um formulário on-line, e a análise estatística, usando os softwares SPSS 28.0 e Past4 (PMC), foi realizada em 2024.

PUBLICAÇÃO

O artigo intitulado “Smartphone dependence predicts poorer mental health outcomes, eating behaviors, activity levels, and body image: A cluster analysis of Brazilian university students”, em tradução livre “Dependência de smartphones prevê piores resultados em saúde mental, comportamentos alimentares, níveis de atividade e imagem corporal: uma análise de cluster de universitários brasileiros”, foi publicado na revista científica “Trends in Psychiatry and Psychotherapy”.

CASO BRASILEIRO

O coordenador da pesquisa, professor Eric Francelino Andrade, explica que havia na literatura internacional hipóteses de que o uso de smartphones poderia influenciar alguns desfechos de saúde mental, como ansiedade e depressão, mas não havia muitas informações que faziam essa associação à população brasileira. Com isso, os pesquisadores analisaram os estudos realizados em outros países e os replicaram no Brasil. A equipe de pesquisa foi composta pelos professores da UFLA Eric Francelino Andrade, Luciano José Pereira, Débora Ribeiro Orlando, além de Paula Midori Castelo, da Unifesp. Também fizeram parte do estudo a pós-graduanda em Ciências da Saúde da UFLA Karen Rodrigues Lima e a graduanda em medicina Bárbara Isabela Amorim.

MULTIFATORES

O pesquisador chama atenção para o fato de os transtornos mentais serem multifatoriais, ou seja, não ser possível apenas afirmar que a pessoa está ansiosa porque usa o smartphone excessivamente. Porém, os resultados analisados mostram que houve associação entre ter vício em smartphone e apresentar pontuações elevadas de depressão, ansiedade e estresse. As ferramentas utilizadas para identificar desfechos de saúde mental não são de diagnóstico clínico; porém, são usadas para pesquisa e podem indicar um desfecho clínico. Por isso, o estudo realizado passou por várias coletas de dados e análises estatísticas que comprovam essa relação. “Há todo um processo que foi realizado antes da coleta de dados, pois esses questionários foram previamente validados para confirmar a eficácia. Apesar de serem questionários que foram elaborados em outros países, foi realizada a validação no Brasil por outros pesquisadores”, enfatiza Eric.

DADOS COLETADOS

A professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Paula Midori Castelo foi a responsável por realizar as análises estatísticas dos dados coletados. Para isso, ela aplicou a chamada análise de agrupamentos (cluster K-means), considerada muito útil para o entendimento da natureza complexa de relação multivariada. A aplicação desse método permitiu identificar perfis de participantes com variáveis semelhantes relacionadas aos aspectos autorrelatados de vício em smartphones, distúrbios alimentares, ansiedade, depressão e estresse, além da prática de exercícios físicos e Índice de Massa Corporal (IMC). As amostras foram separadas em três grupos, chamados de clusters.

“Uma coisa pode predispor a outra; às vezes, a pessoa ser ansiosa pode fazer com que ela mexa mais no celular, fique mais dependente, ou mexer mais no celular pode causar esse desfecho de saúde mental. A conclusão da pesquisa é que existe uma associação entre o vício em smartphones, insatisfação com a imagem corporal, maior ansiedade, maior estresse e maior índice de depressão. Outro dado apresentado é que, nesse mesmo grupo, o nível de atividade física relatado era menor, ou seja, esses indivíduos não eram ativos, sendo mais uma vez o vício em smartphones não associado a eventos positivos”, explica o pesquisador Erci.

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