Para sua investigação, Adriano Medeiros Rocha escolheu os filmes “Lamarca”, “Central do Brasil” e “Tropa de elite 2”
BH – Na obra “Carnavais, malandros e heróis”, publicada pela primeira vez em 1979 e uma das mais citadas de Roberto DaMatta, o antropólogo, professor e escritor analisa a constituição da sociedade brasileira e defende que os heróis e mitos seguem curvaturas homólogas às da própria sociedade na qual estão inseridos. Ele ainda estabelece três categorias de heróis brasileiros: o malandro, o caxias e o renunciador. Mais de 40 anos depois, essas três categorias são articuladas pelo professor e pesquisador Adriano Medeiros da Rocha em seu livro Heróis no cinema brasileiro contemporâneo, recém-lançado pela Editora UFMG.
FORMAÇÃO E TIPOS
Doutor em Artes/Cinema pela UFMG e pela Universitàt Autónoma de Barcelona (Espanha), Adriano da Rocha escolheu três filmes – e seus personagens principais – para desenvolver sua análise: Lamarca, de 1994 (Carlos Lamarca, um dos principais nomes da luta armada contra a ditadura instaurada em 1964, é o renunciador), Central do Brasil, de 1998 (Dora, em interpretação de Fernanda Montenegro premiada internacionalmente, é a heroína malandra), e Tropa de elite 2 (o capitão Nascimento, da PM do Rio de Janeiro, é o caxias).
“O malandro é visto como um ser deslocado das regras formais, que usa muita criatividade e liberdade na busca pela sobrevivência. O oposto ao malandro, o ator das paradas militares e dos rituais de ordem, seria mais conhecido como o herói caxias. E o terceiro tipo de herói brasileiro é o renunciador, que pode ser entendido como aquele que rejeita o mundo social na forma em que normalmente se apresenta”, explica Adriano Rocha, que é professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e cineasta.
IDENTIDADE SINGULAR
Adriano Medeiros da Rocha traça um percurso singular ao explorar o arquétipo do herói no cinema nacional, conectando o conceito universal da jornada do herói a aspectos da identidade cultural brasileira. De acordo com texto de divulgação da obra, ele dialoga com pensadores como Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro e Capistrano de Abreu “para contextualizar a identidade brasileira no imaginário cinematográfico. Assim, ele não apenas analisa filmes, mas também revela como o cinema brasileiro reflete e contribui para a formação de uma identidade nacional singular”.
“O cinema é produzido através de uma visão, que também é parte de uma sociedade. As construções geradas pelos filmes criam a identidade do grupo ali representado, e, dessa forma, os filmes produzem sentidos sobre as nações e constroem identidades”, conclui o autor de Heróis no cinema brasileiro.
FICHA TÉCNICA
Livro: O herói no cinema brasileiro contemporâneo
Autor: Adriano Medeiros da Rocha
Editora UFMG
406 páginas
Vendas no site da Editora UFMG: https://www.editoraufmg.com.br/#/pages/obra/1043