(*) Fernando Benedito Jr.
Os sábios dirão que não podem tocar no assunto, pois correm risco de serem presos pelo vilão da vez, o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Vez por outra, os arautos da extrema direita elegem seus heróis e vilões favoritos dependendo da conveniência.
Já desfilaram por esta enorme passarela de heróis nomes como o próprio Bolsonaro, Elon Musk, Carla Zambelli, Donald Trump, Benjamin Netanyahu e os pastores. Na passarela dos antagonistas desfilaram Lula e todos os petistas mais influentes ou não, a urna eletrônica, os ministros do STF, com Alexandre de Moraes à frente, etc. Não quer dizer que estejam sempre no mesmo tapete vermelho. Joice Hasselmann, Daniel Silveira, Sara Winter e os 300 de Brasília, Roberto Jefferson, por exemplo, são alguns que transitaram da extrema direita à excreção pública pela mesma extrema direita com uma velocidade de acelerador de partículas.
Mas, o caso da urna eletrônica é ilustrativo de como as lideranças no poder são capazes de promover ou distorcer uma narrativa quando querem tirar proveito de algo ou alguém ou destruí-lo diante da opinião pública. A reputação da urna eletrônica nunca esteve tão em baixa quanto no governo Bolsonaro. Tinham que desqualificá-la para desqualificar o processo eleitoral, a democracia e, assim, justificar o golpe de Estado que pretendiam levar a termo.
É curioso como, de uma hora para outra, desapareceram os questionamentos sobre a urna eletrônica – aquela mesma que garantiu aos seus críticos várias eleições e reeleições. Os sábios e entendedores de Inteligência Artificial já não questionam mais a manipulação de dados e o tal do código fonte – tema de qualquer roda de botequim há cerca de dois anos. Os hackers do momento não discutem a violabilidade das urnas. Os políticos radicais não apelam ao atraso e pedem o retorno do voto impresso.
Curioso…
(*) Fernando Benedito Jr.