sexta-feira, novembro 29, 2024
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“É dever moral cuidar da Amazônia e dos povos indígenas”, diz Lula

Foto: Lula durante entrevista concedida a Dom Phillips

SÃO PAULO – Em entrevista ao vivo à Rádio Difusora, de Manaus (AM), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o governo cuide do território amazônico e dos povos originários e afirmou que impedir o garimpo em terras indígenas é um dever moral que a sociedade brasileira tem com aqueles que descobriram o Brasil antes dos portugueses.

Defesa da Amazônia, combate ao desmatamento, respeito às leis ambientais e proteção dos povos indígenas, aliado ao enfrentamento das mudanças climáticas, são destaques nas diretrizes do plano de governo do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, da coligação Lula-Alckmin.

CUIDAR DA FLORESTA E DO POVO

“Temos que cuidar da floresta e do povo amazônico para dar emprego, salário, qualidade de vida.  Precisamos cuidar dos indígenas porque é até dever moral cuidar daqueles que descobriram o Brasil bem antes dos portugueses e que têm direito de viver dignamente da forma que quiserem viver para manter a cultura indígena viva. (…) O que posso dizer é não haverá garimpo em terras indígenas. Questão de lei, da constituição, um dever moral da sociedade brasileira para com os indígenas brasileiros”.

ASSASSINATOS

Lula lamentou novamente os assassinatos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira e criticou a política do atual governo com relação à Amazônia e do presidente Jair Bolsonaro nesse caso.

“É uma pena que o governo inexista nesse momento nessa região, é uma pena que o governo tenha cometido descaso com a preservação da Amazônia, dos territórios indígenas e com a saúde da população. Vamos voltar a fazer o que já vínhamos fazendo. Tínhamos diminuído o desmatamento na Amazônia em 80%.  Estávamos fazendo marcação de terras indígenas e de territórios que fossem reservas florestais para a humanidade viver mais dignamente com aquilo que a Amazônia pudesse contribuir”, disse, acrescentando que, desde o golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff da Presidência, o Brasil é governador por pessoas que não se preocupam com isso e que passam por cima disso.

FORTALECIMENTO DA FUNAI

“É grave porque vínhamos num processo ascendente de fortalecimento da Funai, de fortalecimento da Polícia Federal na região, da fiscalização na região em função do tráfico de armas e de drogas. Lamentavelmente, depois do golpe, toda estrutura de acompanhamento das reservas indígenas, todo o sistema de fiscalização que tinha sido montado foi sendo destruído e incentivado pelos governos fascistas de que era importante abrir as porteiras para passar o gado, abrir as porteiras para passar o garimpo, abrir as porteiras para que pescadores profissionais fossem pescar em reservas indígenas”, afirmou.

GOVERNO DA DESTRUIÇÃO

De acordo com o ex-presidente, em vez de cuidar e preservar, o atual governo tem a política de descuidar e desmatar. Em resposta a questionamento sobre a Funai, Lula disse que a instituição é a cara do desgoverno e que o fato de o indigenista Bruno Pereira ter sido mandado embora por causa das posições em defesa dos indígenas é uma demonstração de que o atual governo não tem responsabilidade nenhuma.

“Por isso que a sociedade brasileira precisa se dar conta de que talvez em 2018 o povo pode ter cometido erro histórico, quem sabe por causa das mentiras e fake news, de eleger uma pessoa com comportamento fascista, sem nenhum comportamento civilizatório, que não conhece o Brasil e que não sabe a importância da preservação da floresta para o planeta Terra e não sabe a importância da Zona Franca para a Amazônia. “Significa que ele só sabe fazer bobagem. Não tem comportamento adequado que deveria ter como presidente”

FRONTEIRAS E EXÉRCITO

Lula afirmou que a questão das fronteiras e do papel do Exército e da Polícia Federal no combate ao tráfico de drogas e de armas e na garantira da segurança será pauta de reunião entre ele e os governadores do PT e de partidos aliados.

“O Bolsonaro desde que assumiu estimula o desgoverno na questão ambiental, e o presidente da Funai é a cara do presidente da República. O fato do Bruno Pereira ter sido demitido pelo seu trabalho de proteção dos indígenas é a prova disso. Sua política não é cuidar, é desgovernar.

O presidente da República não sabe a importância da Zona Franca de Manaus para o Brasil. Ele não tem um comportamento adequado de presidente, de se comportar com responsabilidade”, disse Lula.

“Agora, com a eleição do novo presidente da Colômbia, se eu for eleito vou me reunir com os presidentes dos outros países da região amazônica para promovermos a preservação ambiental e combatermos os crimes ambientais e o narcotráfico”, afirmou.

COMPARAÇÃO

Lula fez quetão de comparar as ações dos governos do PT e do atual: “É só olhar o que os governos do PT fizeram no Amazonas. Fizemos o Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida, água potável, gasoduto Coari-Manaus, Ponte sobre o Rio Negro, inauguramos escolas. E o que foi feito depois do golpe contra a Dilma? Não fizeram nada”.

Ele disse ainda que se mentiu muito em 2018 contra o PT e contra ele. “E agora essa gente está desmascarada. Esse país era bem mais feliz quando crescia 7,5%, quando tinha aumento de salário, quando os jovens tinham esperança de uma universidade e as famílias da sua casa própria”.

PETROBRÁS

“O Bolsonaro não tem coragem para lidar com a questão da Petrobrás porque não quer lidar com os acionistas. E agora quer fazer uma CPI para jogar a culpa nos outros. Deveríamos fazer uma CPI sobre as mentiras do governo dele”, sugeriu.

Conforme Lula, “nos grandes centros urbanos do Brasil tem muita gente dormindo na rua. Criança pedindo esmola. Isso tinha acabado, e voltou. O povo sabe que já viveu melhor do que hoje. O nosso povo quer trabalhar, comer, estudar, ter lazer. E é isso que vamos fazer”.

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